"Já vamos em 80, quando, em 2024, no total do ano, foram 116", pelo que, "facilmente chegamos à conclusão de que iremos bater os números", afirmou o coordenador do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA) de Évora, Luís Gamito.
O responsável falava à agência Lusa a propósito de uma reunião do NPISA de Évora, em que foram apresentados objetivos a desenvolver no concelho e resultados da intervenção da equipa técnica de rua do projeto "IN-Visibilidade 2.0".
Atualmente, indicou o coordenador do NPISA de Évora, estão sinalizadas e em acompanhamento 80 pessoas em situação de sem-abrigo, o que engloba os cidadãos sem teto (a dormir na rua) e sem casa (a dormir em alojamento temporário).
"A maioria destes casos, cerca de 40, é o de pessoas sem casa, que estão em pensões ou em quartos arrendados", e cuja despesa é suportada pela câmara municipal ou pela Segurança Social, adiantou.
Já em relação às sem teto, precisou Luís Gamito, "seis a oito pessoas vivem efetivamente na rua e 32 ocuparam casas abandonadas, nomeadamente no centro histórico, que, obviamente, não têm condições de habitabilidade".
"Na sua maioria, são portugueses. Temos alguns estrangeiros, que vieram com o estatuto de refugiado e, como estão a ser apoiados pela Segurança Social, acabam por se enquadrar [como sem-abrigo] e também estão em acompanhamento", assinalou.
Admitindo que o número de sem-abrigo em Évora "tem vindo a subir", o responsável considerou que "há mais pessoas na rua, por circunstâncias relacionadas com a doença mental, com dependências ou com a falta de trabalho".
"Mas o fenómeno em Évora também tem crescido porque tem havido maior cuidado por parte das entidades em sinalizar as situações", sublinhou.
Como principais dificuldades, o coordenador do NPISA apontou a falta de respostas de alojamento, pois, a cidade não dispõe de um centro de acolhimento temporário e os preços do mercado "não são comportáveis para estas pessoas, mesmo que trabalhem ou tenham algum tipo de subsídio".
Por outro lado, vincou, "estas pessoas também são muito voláteis, amanhã estão noutro lado e, no dia a seguir, já aqui estão novamente e isso também nos coloca algumas dificuldades em trabalhar" com elas para a sua reintegração.
Constituído em 2020, no âmbito da estratégia nacional para esta problemática, este núcleo integra entidades públicas e do setor social e solidário da cidade, com a coordenação da Santa Casa da Misericórdia de Évora (SCME).
O NPISA de Évora implementa no território as respostas da estratégia nacional e acompanha o projeto "IN-Visibilidade 2.0", que presta apoio aos sem-abrigo através uma equipa da rua e ao nível da alimentação, roupa e higiene pessoal, entre outros.
O "IN-Visibilidade 2.0" é um projeto de equipa técnica de rua financiado pelo Portugal 2030, sendo o consórcio composto pela SCME, que coordena, a Associação Pão e Paz e o Centro Humanitário da Cruz Vermelha de Évora.
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