Legislativas. Partidos candidatam jovens, mas em lugares não elegíveis

A representação dos jovens nas listas de candidatos à Assembleia da República é relegada pelos partidos para lugares não elegíveis, conclui um estudo hoje divulgado pela Universidade de Aveiro (UA). 

Notícia

© ANDRE DIAS NOBRE/AFP via Getty Images

Lusa
15/05/2025 15:32 ‧ há 4 horas por Lusa

Política

Estudo

No início da legislatura de 2024, só nove deputados com menos de 30 anos foram eleitos, o que representa apenas 3,91% dos parlamentares, refere o estudo.

 

Esse número, salienta a investigação, "fica muito aquém dos 15,69% de jovens (entre os 15 e os 29 anos) que compõem a população residente em Portugal, segundo dados da Pordata".

"As taxas de representação jovem têm vindo a cair", sendo poucos os deputados com menos de 35 anos, e "muito poucos com menos de 30", salienta Patrícia Silva, do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território da UA.

A tendência de envelhecimento dos deputados no parlamento português tem-se acentuado: em 2013, a idade média dos deputados era de 45,9 anos, e em 2022, subiu para 49", regista o estudo intitulado "Jovens com asas cortadas: Colmatar o fosso entre o recrutamento e a representação jovem nas listas de candidatos".

"Apesar de muitos jovens integrarem as estruturas internas dos partidos continuam a ser preteridos nas listas eleitorais em lugares elegíveis", observa o estudo.

Refletindo se as "jotas" (juventudes partidárias) servem de ponte ou barreira à ascensão política dos jovens no parlamento, o estudo lembra que a própria definição de "juventude" já impõe limites: "aos 30 anos, cessa, por norma, a possibilidade de integrar estas estruturas". 

Segundo Patrícia Silva, a maioria dos jovens que nelas participa tem um perfil social específico: "tendem a ser jovens urbanos, com ensino superior, com disponibilidade de tempo e, muitas vezes, com ligação familiar à política".

"Estes jovens, apesar de ativos dentro das juventudes partidárias, raramente conseguem romper o "gargalo" do processo de seleção de candidatos", comenta. 

"Os jovens não desaparecem do processo, mas tendem a ser colocados em posições das listas candidatas que dificilmente garantem a sua eleição", explica Patrícia Silva. 

O estudo sublinha que são sobretudo os mecanismos informais, como as redes pessoais e o apoio da liderança partidária, que determinam o sucesso de uma candidatura jovem, e não o mérito ou a presença numa 'jota'.

"Resta aos partidos o esforço de se aproximarem dos jovens ou, por outro lado, que os jovens se aproximem dos partidos, mas muitos jovens sentem-se utilizados como meros transmissores da mensagem partidária, e não como participantes plenos". 

"É uma ponte com sentido único", resume Patrícia Silva.

Para a docente e investigadora da Universidade de Aveiro, "apesar do desinteresse pelas formas tradicionais de militância, a participação política jovem não está em declínio, mas a reinventar-se". 

"Os jovens continuam ativos, mas noutros formatos: manifestações, petições, participação digital", destaca a investigadora, referindo que esses novos modos "aproximam os padrões portugueses dos verificados noutros países europeus".

Leia Também: Marcelo procurará "solução de governabilidade", mas "povo é que decide"

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas