No seu discurso na sessão, o presidente da direção nacional da ADFA, tenente-coronel António Pereira Neves, anunciou que a associação vai entregar ao próximo Governo uma lista de reivindicações que incidem sobretudo sobre as reformas e vencimentos "mal atribuídos" a antigos militares e em nome das viúvas de ex-combatentes que dedicaram a sua vida a cuidar dos companheiros.
"Há casos de pessoas, de casais, que viveram toda uma vida só com o rendimento da pensão extraordinária que o deficiente tinha, porque a sua mulher não podia ter outros compromissos laborais", uma vez que "tinha o marido em casa para tomar conta"
"Agora ele faleceu e ela fica só e desamparada, é retirado todo esse suplemento", criticou o presidente da ADFA.
Outra das preocupações, segundo o presidente da ADFA, é existirem ainda "muitos casos ao longo de 50 anos" de pessoas que "em vez de receberem a sua reforma com o vencimento do posto a que tinham direito, recebem o vencimento de um posto a baixo".
"Temos de ser capazes de sensibilizar as entidades políticas e militares que têm a responsabilidade última de zelar pelas nossas necessidades", adiantou, António Pereira Neves admitindo simultaneamente que "já não vale a pena apresentar um caderno reivindicativo com 10 ou 15 ou 20 pontos", uma vez que os ex-combatentes têm que ser "objetivos e pragmáticos".
Embora acredite "nas boas intenções de quem está do lado de lá do poder de decisão" o presidente daquela associação considera que o seu apelo não é um grito de revolta, mas sim um "grito de raiva, porque já lá vão 51 anos".
Mesmo não estando presente, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deixou uma mensagem em que sublinhava o "caminho excepcional que a ADFA tem trilhado no apoio àqueles que sofreram as consequências físicas e psicológicas da guerra, a sua ação na assistência médica, protésica, na formação profissional, na reabilitação física, entre outras, através das suas 12 delegações espalhadas por todo o continente e ilhas".
Em declarações à margem da sessão, o presidente da ADFA relativizou o facto de não estarem presentes altas figuras do Estado nesta cerimónia, assinalando que decorre um período de campanha eleitoral.
"Estamos num período eleitoral, de campanha eleitoral e é compreensível que os agentes políticos andem, enfim, a fazer as suas campanhas", acrescentou.
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