Investigadores criam reservatório de combustível para pequenos satélites

Investigadores do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), no Porto, desenvolveram um reservatório de armazenamento de combustível que se adapta ao espaço existente no interior de pequenos satélites usados para observação da Terra.

Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI)

© Imagem cedida por INEGI

Lusa
24/01/2025 07:00 ‧ 24/01/2025 por Lusa

Tech

Espaço

Em declarações à agência Lusa, o investigador responsável pelo projeto, Pedro Fernandes, esclareceu hoje que esta é "uma solução mais eficiente para armazenar propelente" em satélites 'cubesat', isto é, satélites em formato miniatura.

 

Estes pequenos satélites têm várias aplicações, desde comunicação, observação da Terra e monitorização do tempo e clima.

O reservatório desenvolvido no instituto do Porto assenta "num conjunto de empilhamentos de pequenos cilindros feitos em material compósito" e pretende servir de alternativa às tradicionais garrafas de armazenamento de combustível que suportam a operação destes pequenos satélites.

"É extremamente relevante conseguirmos introduzir dentro do satélite o maior número de componentes possíveis por uma questão de espaço. Temos pouco espaço e é muito caro colocar satélites em órbita", assinalou.

Uma das inovações do reservatório é que é adaptável ao espaço livre existente no interior do satélite.

"Este conceito pode ser escalado em função da quantidade de propelente que é necessário para colocar em órbita. Podemos aumentar e reduzir o tamanho que o reservatório ocupa ou, se necessário, redistribuir os locais onde o propelente é armazenado em funções dos espaços que estão livres", esclareceu.

Durante o processo de criação, que durou cerca de nove meses, os investigadores tiveram em conta uma série de preocupações, como o reservatório ser "mais eficiente" do que a solução existente no mercado, mas também ao nível da própria operação, uma vez que o equipamento vai estar "fora da atmosfera, exposto ao vácuo e radiação solar".

Outra das preocupações prendeu-se com a reentrada do reservatório na atmosfera.

"A nossa preocupação é garantir que ele se consegue desintegrar na totalidade para que nada chegue ao solo. Portanto, desintegra-se logo na atmosfera. Há uma preocupação para que os materiais não contribuam para camadas de ozono ou algum tipo de efeito nocivo", salientou.

Os investigadores do INEGI apresentaram a solução à Agência Espacial Europeia (ESA), que demonstrou interesse.

A demonstração de conceito "já foi concluída" e os investigadores estão agora em preparação para a campanha de qualificação, que deverá durar entre um a dois anos.

Esta campanha de qualificação consiste numa série de testes que garantem que o reservatório "consegue operar o número de vezes necessário para garantir a integridade do satélite" e que pode ser colocado em órbita, suporta a vibração do lançamento e sobrevive à radiação, ciclos térmicos e temperaturas extremas.

"Temos de ter mesmo a certeza de que o protótipo vai funcionar, que vai estar em órbita sem causar nenhum problema e sem comprometer de alguma forma a missão do satélite", salientou.

O reservatório, desenvolvido no âmbito do projeto NoTank, financiado pela ESA, já foi patenteado a nível nacional e os investigadores aguardam que seja patenteado a nível internacional.

À Lusa, Pedro Fernandes disse esperar que o reservatório possa, num prazo de cinco anos, vir a ser incorporado em algumas missões da ESA e não descartou a hipótese de a solução ser adaptada a satélites pequenos, mas de maior dimensão que os 'cubesat'.

 

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