Livre e BE/Lisboa exigem transparência sobre tomada de posse de vereadora

O Livre e o Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa exigem que as dúvidas quanto à legalidade da tomada de posse de uma vereadora com pelouro sejam sanadas, sugerindo a consulta de entidades externas independentes à autarquia.

PORTO, PORTUGAL - 2024/01/27: Founder and deputy of the Livre party, Rui Tavares speaks to the press during the 13th party congress in the Auditorium of the Almeida Garrett Library at Palácio de Cristal, as part of the preparation and discussion of ideas

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Lusa
26/12/2024 18:22 ‧ 26/12/2024 por Lusa

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Câmara de Lisboa

Os dois partidos referiam-se a dúvidas sobre a conformidade e a legalidade da tomada de posse da vereadora Joana Oliveira Costa, do CDS-PP, que em maio substituiu Diogo Moura.

 

Fonte da autarquia disse hoje à Lusa que o Departamento Jurídico da Câmara de Lisboa concluiu não haver dúvidas sobre a "conformidade do exercício do cargo pela vereadora Joana Oliveira Costa", mas, segundo o vereador Rui Tavares, do Livre, não basta um parecer dos serviços jurídicos da própria Câmara, "que funcionam na dependência dos vereadores, a dizer que está tudo bem no exercício do mandato dos próprios vereadores".

"Isto são dúvidas que têm uma grande gravidade e, portanto, em nosso entender, deveria ser pedido ou à Direção-Geral das Autarquias Locais ou a qualquer outra entidade, como a própria Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, a uma entidade externa que tenha hábito em funcionar com autarquias locais e que tenha o catálogo das boas práticas e do próprio registo documental dos exercícios dos mandatos, que possa esclarecer se, como dizem os vereadores com pelouro, está tudo bem, ou se, como diz a Associação Nacional de Municípios, nas declarações que deu ao Expresso, isto não pode acontecer assim", afirmou Rui Tavares.

Numa nota, também a vereadora do Bloco de Esquerda, Beatriz Gomes Dias, disse ter exigido que "ficasse provado sem qualquer equívoco" que a reunião de hoje decorria com as substituições feitas dentro da legalidade.

"Se Carlos Moedas mantiver a falta de transparência neste processo, que pode implicar a nulidade de muitos atos da CML com prejuízo para quem vive e trabalha em Lisboa, o BE irá entregar na primeira reunião de janeiro de 2025 uma proposta formal para uma auditoria da Inspeção-Geral de Finanças - Autoridade de Auditoria a todas as decisões de Câmara desde 16 de maio de 2024 e a todas as decisões da vereadora Joana Oliveira Costa de forma a que se possa verificar se houve nulidade destes atos e se possa iniciar o processo de regularização das decisões de CML", destacou o Bloco, salientando que enviou na terça-feira um requerimento a Carlos Moedas a pedir esclarecimentos sobre o caso.

Tal como Rui Tavares, Beatriz Gomes Dias destacou que, na reunião extraordinária de hoje, na qual não participou Carlos Moedas, o vice-presidente da autarquia, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP), "não forneceu o parecer jurídico que alegadamente justifica a legalidade da reunião, apesar dos vários pedidos" dos vereadores da oposição.

Rui Tavares salientou "trata-se de um assunto bastante sério", porque basta haver um tribunal a declarar que as decisões podem ser impugnadas para que centenas de decisões tomadas nos últimos meses sejam postas em causa.

Também num comunicado, os vereadores do PS criticaram a Câmara de Lisboa por "recusar partilhar (o parecer) com todos os vereadores".

Em 27 de novembro, numa reunião pública do executivo, Carlos Moedas decidiu adiar a votação das propostas agendadas para a sessão, após um alerta do PS sobre uma eventual ilegalidade quanto à substituição da vereadora Joana Oliveira Costa por um membro das listas do PSD.

Considerando a acusação grave, Carlos Moedas pediu aos serviços jurídicos que fosse feito um parecer.

Na semana passada, depois de o jornal Expresso ter noticiado o pedido de parecer aos serviços jurídicos sobre a eventual existência de irregularidades na composição do executivo, na sequência da saída do vereador democrata-cristão Diogo Moura, e a consequente possibilidade de as deliberações camarárias serem, desde então, nulas, os vereadores do PS, do BE e dos Cidadãos por Lisboa (eleitos pelo PS) questionaram Carlos Moedas, que rejeitou qualquer irregularidade.

Segundo o semanário, que ouviu especialistas em Direito Constitucional e Administrativo e autarcas, antes de Joana Oliveira Costa existia outro membro do CDS-PP na lista para substituir Diogo Moura: Nuno da Rocha Correia, que nunca recusou por escrito o mandato e continuou a participar em reuniões de câmara, em substituição de vereadores do seu partido.

Fonte da autarquia disse hoje à Lusa que o Departamento Jurídico da Câmara de Lisboa concluiu não haver dúvidas sobre a "conformidade do exercício do cargo pela vereadora Joana Oliveira Costa".

"A conclusão do Departamento Jurídico é que 'dúvidas não se colocam quanto à conformidade do exercício do cargo pela vereadora Joana Oliveira Costa'. O alegado vício de nulidade, acrescenta-se na pronúncia do Departamento Jurídico, 'afastado se encontra'", indicou a fonte do município.

As conclusões dos serviços, acrescentou, foram transmitidas hoje pelo vice-presidente do município, Anacoreta Correia, numa reunião privada do executivo, que ao início da tarde continuava a decorrer mas "sem a presença do PS", uma vez que a vereação socialista "abandonou a reunião" por considerar que a vereadora da coligação PSD/CDS-PP "pode ter tomado posse ilegalmente".

A agência Lusa questionou a autarquia na semana passada, que indicou que "o vereador substituto recusou por escrito integrar o executivo", acrescentando que a substituição por parte de Joana Oliveira Costa ocorreu "de acordo com a lei e é inquestionável".

Diogo Moura, ex-vereador da Economia e da Cultura, suspendeu o mandato em maio, a pedido de Carlos Moedas, na sequência de uma acusação do Ministério Público sobre fraude em eleições internas do CDS-PP. Foi entretanto ilibado na instrução do processo, que foi arquivado.

Joana Oliveira Costa, que era vereadora em regime de substituição desde 2021, assumiu a Economia e Inovação, e Moedas ficou com a pasta da Cultura.

Leia Também: Posse de vereadora foi ilegal? PS abandona reunião da Câmara de Lisboa

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