"As sociedades quando estão em crise tendem a ser egoístas e securitárias", disse esta terça-feira o Presidente da República na inauguração do Centro de Direitos Humanos da Amnistia Internacional em Portugal, em Oeiras. Marcelo Rebelo de Sousa reforçava, assim, o papel da organização na defesa dos Direitos Humanos.
O chefe de Estado explicou que, numa sociedade em crise, torna-se "mais importante a segurança do que a liberdade, do que diversidade de opinião e de respeito pelo pluralismo", existindo aqui "um perigo adicional": o de "questionar os Direitos Humanos".
"É uma situação que em tempos de crise divide as sociedades. Vamos prescindir da segurança ou vamos dizer que a segurança não tolera tudo? Nomeadamente, não tolera o abuso do poder, mesmo das instituições", vincou.
Assim, disse o Presidente da República, a defesa dos Direitos Humanos "é uma causa essencialíssima para as sociedades que se querem democráticas". "Não tem o poder de um Estado, não é por si só mediática, mas tem o poder da cidadania, o poder da afirmação da dignidade humana", asseverou.
Numa nota mais pessoal, Marcelo Rebelo de Sousa recordou os tempos de juventude. "Confesso que ao percorrer estes corredores senti uma vaga nostalgia ou saudade daquilo que, em contexto de ditadura, [faziam] os grupos a que eu pertencia.(...) A forma como nós nos organizávamos para funcionar, os espaços abertos, simples, coletivos, de encontro permanente", evocou.
Sublinhe-se que o Centro de Direitos Humanos da Amnistia Internacional está sediado no Edifício Parque Oceano em Santo Amaro de Oeiras, tendo sido inaugurado esta terça-feira, por ocasião do 63.º aniversário da fundação da Amnistia Internacional.
Marcelo Rebelo de Sousa discursou ladeado pela presidente da direção da secção portuguesa da Amnistia Internacional Portugal, Patrícia Filipe.
"O Centro de Direitos Humanos será um espaço aberto para acolher visitas de escolas, alunos universitários, um espaço para formações e encontros de cultura e direitos humanos. Funcionará também como local de trabalho dos profissionais da organização e espaço de acolhimento a voluntários das Estruturas Operacionais de ativismo da Amnistia Internacional Portugal", indicou a organização através de comunicado.
Leia Também: Amnistia saúda "rara notícia positiva" no processo de Assange