O diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), Fernando Araújo, apresentou a demissão, na terça-feira, espoletando várias reações, tanto no setor da Saúde como na política.
"Esta difícil decisão permitirá que a nova tutela possa executar as políticas e as medidas que considere necessárias, com a celeridade exigida, evitando que a atual DE-SNS possa ser considerada um obstáculo à sua concretização", lê-se em comunicado.
Fernando Araújo admite, na missiva, que não se fez "tudo o que se tinha planeado", e foram "seguramente" cometidos "erros", mas "o tempo foi sempre curto para executar uma reforma desta dimensão".
Aliás, o DE-SNS defende que "nestes 15 meses, apesar dos condicionalismos externos, foi realizada a maior reforma, em termos organizacionais, nos 45 anos de existência do SNS".
Reagindo à notícia, o bastonário da Ordem dos Médicos reconheceu que, durante o anterior Governo, havia uma "liderança bicéfala" do DE-SNS, confundindo-se as suas competências com as do anterior ministro da Saúde, Manuel Pizarro. "A ministra tem de ter capacidade para tomar decisões, sobre o Serviço Nacional de Saúde" e a DE-SNS a capacidade de as concretizar, defendeu o bastonário da Ordem dos Médicos.
O antigo ministro da Saúde Manuel Pizarro enalteceu, por outro lado, a "elegância" e o "desprendimento" de Fernando Araújo, "até no momento em que se demite". "Vamos perceber rapidamente a falta que ele faz ao país e ao SNS", escreveu no Facebook.
Já pela parte dos sindicatos, o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Nuno Rodrigues, apelou a que o trabalho seja feito, "independentemente da cor política do Governo".
"As reformas estruturais no SNS devem ser para manter, as estruturas técnicas e as instituições devem fazer o seu trabalho independentemente da cor política do Governo", afirmou, numa reação à Lusa, acrescentando que "há um caminho conjunto que estava a ser percorrido e que pode ser interrompido".
A presidente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), por sua vez, realçou que a direção-executiva do SNS é uma estrutura "muito pesada, pouco funcional, com orçamento descabido", para além de "poderes excessivos".
Para Joana Bordalo e Sá, a DE-SNS "não ajudou ao funcionamento das Unidades Locais de Saúde (ULS)", sublinhando que "sem recursos humanos no terreno", nomeadamente médicos, não se conseguirá prestar serviço à população.
No setor político, a principal reação veio do Partido Socialista (PS), que vai requerer audições urgentes na Assembleia da República da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e do DE-SNS. Segundo a agência Lusa, requerimento vai dar entrada no Parlamento nesta quarta-feira.
Já do lado do Partido Social Democrata (PSD), o deputado Hugo Carneiro rejeitou que exista um "ajuste de contas". "A senhora ministra pediu um conjunto de informações, é perfeitamente legítimo, para poder fazer uma avaliação daquilo que foi feito", explicou, em declarações na CNN Portugal.
[Notícia atualizada às 09h47]
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