O Ministério Público instaurou um inquérito ao Grupo 1143, que tem organizado manifestações contra a imigração, devido a publicação de cariz xenófobo partilhadas nas redes sociais, estando em causa suspeitas de crimes de ódio. A informação foi avançada pelo Expresso e confirmada ao Notícias ao Minuto pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
"Confirma-se a instauração de inquérito, o qual é dirigido pelo Ministério Público do DIAP de Lisboa", refere uma resposta enviada ao Notícias ao Minuto pelo gabinete de imprensa da PGR.
De acordo com o semanário Expresso, em causa estão publicações do grupo, liderado pelo militante de extrema-direita Mário Machado, que têm cariz xenófobo e que visam, sobretudo, imigrantes muçulmanos e judaicos, a comunidade LGBTQ+ e militantes do Partido Comunista Português.
Recorde-se que o Grupo 1143 foi o responsável pela organização de uma marcha anti-Islão, em fevereiro, no Largo de Camões, em Lisboa. Inicialmente, o grupo queria realizar aquela manifestação na Mouraria e no Martim Moniz, mas a mesma foi proibida pela Câmara Municipal de Lisboa, após um parecer da Polícia de Segurança Pública (PSP) alertar para a perturbação da tranquilidade pública. A decisão foi confirmada pelo Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa, o que levou à alteração do local da marcha.
Já hoje, foi conhecido que o Grupo1143 convocou uma nova manifestação, com o nome "Menos Imigração, Mais Habitação", para a Praça D. João I, no Porto, no sábado.
À Lusa, fonte da PSP, que autorizou a manifestação, disse que vão decorreu dois protestos - um contra a imigração e outra antifascista - a cerca de 350 metros de distância na baixa do Porto.
Também a Câmara do Porto afirmou que foi solicitada avaliação policial ao Comando Metropolitano da PSP do Porto, como acontece em todas as manifestações. O parecer policial não é contrário à realização das manifestações indicadas", acrescentou, destacando que o direito de manifestação "não carece de autorização" do presidente da autarquia e que a avaliação de segurança é "da exclusividade competência da PSP".
Na rede social X (antigo Twitter), o grupo, que tem como porta-voz o militante de extrema-direita Mário Machado, convoca "todos os patriotas a marcarem presença" no Porto para mostrarem "oposição à invasão de imigrantes, que é a principal razão para o aumento brutal do preço da habitação".
Noutra publicação na mesma rede social, o grupo de extrema-direita afirma que "os Fascistas de Abril querem proibir os patriotas de se manifestarem no Porto".
Por sua vez, a associação Habitação Hoje convocou também para sábado uma manifestação "Contra o Fascismo, Mais e Melhor Habitação".
Numa tentativa de impedir a realização da manifestação convocada pelo grupo 1143, várias organizações envolvidas na "manifestação contra o fascismo" lançaram uma carta aberta endereçada ao Presidente da República, presidente da Câmara do Porto, comandante da PSP do Porto e outros responsáveis da área da justiça.
Consultada pela Lusa, a missiva, semelhante à divulgada em janeiro na sequência da manifestação "contra a islamização da Europa" no Martim Moniz, em Lisboa, apela que a se trave "a saída desta manifestação que (...) se constitui como incitamento ao ódio e à violência e não mero exercício da liberdade de expressão".
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