O Governo exigiu, este domingo, a libertação dos reféns do Hamas "já e sem condições". O pedido surgiu pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e pelo ministro Paulo Rangel após os grupos islamitas Hamas e Jihad Islâmica terem divulgado imagens dos reféns israelitas na Faixa de Gaza - que o Governo português considerou "chocantes e indignas".
"O Hamas tem de libertar os reféns já e sem condições. A manipulação cruel do sofrimento, agravada por imagens chocantes e indignas, é terrorismo extremo. Como resulta da declaração de Nova Iorque, o Hamas tem de ser desarmado e afastado de Gaza. A ajuda humanitária é urgente", lê-se numa publicação feita pelo MNE nas redes sociais.
A publicação desde quinta-feira pelo Hamas e pela aliada Jihad Islâmica de três vídeos a mostrar dois reféns causou grande comoção em Israel e reacendeu o debate sobre a necessidade de chegar o mais rápido possível a um acordo para os libertar.
Dezenas de milhares de pessoas reuniram-se no sábado à noite em Telavive em apoio às famílias e para exigir a libertação dos reféns.
Nas imagens dos dois grupos, os reféns aparecem visivelmente enfraquecidos e magros, numa encenação que visa estabelecer um paralelo com a atual situação humanitária em Gaza, ameaçada de "fome generalizada", de acordo com a ONU.
No vídeo de Evyatar David, apresentado com a frase 'Eles comem o que nós comemos', aparecem imagens de crianças subnutridas em Gaza, alternadas com as de David, que se encontra fechado no que aparenta ser um túnel, e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Evyatar David e Rom Braslavski, ambos de 24 anos, foram raptados num festival de música, no ataque do Hamas de 07 de outubro de 2023, que deu início à guerra.
Recorde-se que, na passada quinta-feira, o primeiro-ministro português anunciou que vai ouvir o Presidente da República e os partidos políticos com representação parlamentar sobre o possível reconhecimento do Estado palestiniano.
Segundo o Governo, o reconhecimento do Estado palestiniano só acontecerá no âmbito de uma concertação com um conjunto de países com quem Portugal tem "mantido um diálogo permanente e que participaram ativamente nesta conferência [em Nova Iorque]" e se a Autoridade Palestiniana cumprir certas condições e garantias.
Até ao momento, pelo menos 142 dos 193 países-membros da ONU reconhecem o Estado palestiniano, segundo dados da agência noticiosa France-Presse.
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