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Costa e Marcelo precipitaram-se? "Tinha-se ganho em ter dado mais tempo"

O antigo presidente da Assembleia da República comentou a atualidade, considerando que "tinha-se ganho em ter dado ao Presidente da República mais tempo para ele próprio se informar junto da PGR, mas também do STJ antes de decisões que depois, quando se anunciam publicamente, não têm retorno".

Costa e Marcelo precipitaram-se? "Tinha-se ganho em ter dado mais tempo"
Notícias ao Minuto

23:28 - 24/11/23 por Notícias ao Minuto

País Crise política

O antigo presidente da Assembleia da República e antigo secretário-geral do Partido Socialista (PS), Eduardo Ferro Rodrigues, abordou, esta sexta-feira, os acontecimentos do dia 7 de novembro, que culminou com a demissão do primeiro-ministro, e considerou que "uma coisa com a dimensão do que aconteceu não pode ser instantânea".

"Não pode ser numa manhã que o primeiro-ministro decide apresentar a sua demissão, depois de um comunicado feita Procuradoria-Geral da República", começou por dizer, em declarações à SIC Notícias.

Em causa está a investigação ao primeiro-ministro, António Costa, no âmbito da Operação Influencer, e a sua consequente demissão.

Para Ferro Rodrigues "tinha-se ganho em ter dado  mais tempo ao Presidente da República para se informar junto da Procuradoria-Geral da República (PGR), mas também do Supremo Tribunal da Justiça (STJ), antes de tomar decisões que, depois, quando se anunciam publicamente, não têm recuo".

"Tenho a obrigação de defender o estado de Direito, e acho que está severamente ameaçado com atos como este. O que vejo é que há uma certa impunidade por parte de algumas pessoas que acham que por terem importância no sistema judicial estão acima de qualquer legislação e de qualquer responsabilidade", atirou Ferro Rodrigues, argumentando que "há uma cultura no Ministério Público (MP) [...] de acharem que os políticos são todos suspeitos, em princípio, e depois têm que provar que são pessoas sérias".

É "uma coisa gravíssima em democracia", lamentou, afirmando que "estas circunstâncias, sendo inusitadas, deviam ter levado a maior reflexão de parte a parte".

"Nunca me envolvi em nenhuma contenda interna, exceto num caso"

Já sobre a luta interna no PS pelo cargo de secretário-geral, Ferro Rodrigues rejeitou, novamente, anunciar publicamente o candidato por quem votará. Nunca me envolvi em nenhuma contenda interna, exceto num caso, no momento do desafio que António Costa fez a António José Seguro. Mas antes disso houve várias eleições internas e nunca me viu nessa altura com qualquer atitude de apoiar este ou aquele. Vou lá votar, certamente, não lhe digo em quem", disse o antigo secretário-geral socialista.

"Isto é como ir no banco de trás e avisar o motorista de qual o caminho que deve seguir", ironizou ainda, não confirmando nem desmentindo que apoiaria a formação de uma nova 'geringonça' em Portugal - uma das possíveis formações governamentais que mais atrai os apoiantes de Pedro Nuno Santos, do que os seguidores de José Luís Carneiro.

Ferro Rodrigues considerou que "os primeiros anos da Geringonça são anos de sucesso e respostas sociais, económicas e financeiras de muito sucesso", mas , depois, "foi vítima do seu próprio sucesso, porque, com os resultados muito bons que o PS teve em sucessivas eleições, especialmente nas autárquicas, isso conduziu a um temor por parte dos outros partidos de Esquerda de que pudessem estar a ser vítimas do chamado ‘abraço de urso’ e perderem a sua própria capacidade".

Questionado mais diretamente sobre se afasta a hipótese de uma nova aliança política entre PS, Bloco de Esquerda e Partido Comunista, o antigo líder do Parlamento respondeu: "Não afasto coisa nenhuma, porque o país tem de ser governado e tem de haver uma maioria para governar o país. Não me parece que haja condições e que seja possível fazer governos minoritários. Vai ser preciso fazer compromissos."

"Não vou alinhar com ninguém, escusa de me estar a fazer a mesma pergunta de quatro maneiras diferentes", brincou ainda Ferro Rodrigues. "Não quero divulgar em quem é que voto e, sabe-se lá, se até ao momento da votação não hesitarei e não votarei em outra pessoa que não a que estou a pensar neste momento. Dos antigos secretários-gerais do PS, nenhum ainda disse quem apoiava, nem António José Seguro, nem Guterres, nem Constâncio, porque é que me exigem a mim que responda a coisas que outros não respondem?", questionou.

Leia Também: Ferro Rodrigues critica "cultura justicialista e de desconfiança" do MP

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