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Uso de imagem de outros meios por Ventura "pode configurar desinformação"

A Entidade Reguladora para a Comunicação Social considera que a utilização de grafismos similares ao Público e à Renascença em publicações de notícias falsas nas redes sociais pelo presidente do Chega, André Ventura, "pode configurar uma ação de desinformação".

Uso de imagem de outros meios por Ventura "pode configurar desinformação"
Notícias ao Minuto

15:05 - 15/09/23 por Lusa

País ERC

De acordo com a deliberação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), a que a Lusa teve hoje acesso, a manipulação de imagem e conteúdo visou "credibilizar as mensagens" partilhadas por Ventura nas redes sociais, "aproveitando o imediatismo com que se consome o conteúdo das redes sociais" e levando o público a associar a informação à imagem de órgãos de comunicação social conhecidos.

"A publicação, por André Ventura, de imagens que emulam o Público e a Rádio Renascença pode configurar uma ação de desinformação", pode ler-se na deliberação da ERC, que, embora tenha reconhecido que não tem competências diretas sobre a difusão de desinformação, salientou que "não pode deixar de advertir contra este tipo de procedimentos".

A ERC sustentou que a não utilização do grafismo do website do Folha Nacional - o jornal criado pelo partido e feito por funcionários e dirigentes do Chega - "demonstra só por si uma intencionalidade que não é a mera divulgação de uma informação que já existe no órgão do partido, mas antes a de fazê-la parecer proveniente de outra fonte", no caso, o Público e a Rádio Renascença.

Nesse sentido, refere a deliberação, "situações de apropriação do grafismo de órgãos de comunicação social para propósitos de promoção de mensagens pessoais afetam" a liberdade de imprensa e devem, por isso, ser assinaladas pela ERC.

Lembrando o cariz doutrinário do jornal do partido e que nas publicações feitas era dada apenas a visão e opinião de André Ventura, o organismo alegou não haver falha de rigor informativo.

A ERC explicou ainda que não lhe compete determinar a verdade factual das publicações e que isso cabe "às entidades judiciais". Sobre esta vertente, o Ministério Público confirmou à Lusa no dia 21 de agosto que tinha recebido uma denúncia relacionada com este caso e que tinha dado origem a um inquérito no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa.

Já numa perspetiva de propriedade intelectual e de direitos de autor, o organismo remeteu aqueles dois meios de comunicação para o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) ou a Inspeção-Geral das Atividades Culturais (IGAC).

Questionado sobre o assunto numa conferência de imprensa em 21 de agosto, o presidente do Chega defendeu que o partido atuou "dentro da lei" relativamente à acusação de divulgação de desinformação nas suas redes sociais, rejeitando que tenha sido praticado qualquer "ato ilícito" e que estejam em causa notícias falsas, ao notar que eram do Folha Nacional.

"Temos a absoluta consciência de que atuámos dentro da lei e que temos a lei do nosso lado. Aguardaremos a decisão da ERC sobre essa matéria com total tranquilidade", defendeu, reiterando: "Vamos esperar que a ERC tome uma decisão, quando a ERC tomar uma decisão nós cá estaremos para a comentar. Neste momento, o que nos dizem os nossos advogados é que estamos perfeitamente salvaguardados dentro da lei, o Chega não levou a cabo nenhum ato ilícito".

Fonte oficial da ERC tinha confirmado à Lusa em 21 de agosto que o organismo já tinha recebido uma participação sobre notícias falsas de que a Renascença e o Público foram alvo por parte de André Ventura e que a mesma se encontrava "em apreciação".

No dia 14 de agosto, fontes do grupo Renascença e do jornal Público afirmaram ter sido alvo de notícias falsas difundidas pelo presidente do Chega na rede social X (ex-Twitter).

[Notícia atualizada às 16h39]

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