Parecer ao Cais do Cavaco vai sinalizar outros espaços de atracagem
O futuro parecer da Câmara de Gaia ao projeto do terminal fluvial do Cais do Cavaco vai sinalizar outros espaços de atracagem no rio Douro, visando não sobrecarregar o local atualmente projetado, disse hoje o presidente da autarquia.
© Wikimedia Commons
País V.N.Gaia
"No final se verá, o parecer do município de Gaia vai no sentido, até, de valorizar outros espaços para além do Cais do Cavaco, e portanto poder, um bocadinho, distribuir de forma menos intensa [os navios] para aquele prédio", disse Eduardo Vítor Rodrigues, referindo-se ao condomínio Destilaria Residence, que ficará em frente ao terminal, de acordo com o projeto.
O autarca de Gaia reagia assim, à margem da reunião do Conselho Metropolitano do Porto, ao parecer favorável condicionado emitido pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ao projeto de Adaptação do Cais do Cavaco para Embarcações Marítimo-Turísticas, promovido pela Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL).
Questionado sobre que localizações poderiam contribuir para uma melhor distribuição de navios no rio Douro, Eduardo Vítor Rodrigues disse estar a falar em sítios "a montante do Cais do Cavaco".
"Nós temos já localização [de postos de atracagem] em Quebrantões. Podemos ter localização mesmo do lado do Porto e de Gondomar. Aliás, do lado do Porto já temos a Alfândega. Portanto, há margem para se criarem polos um bocadinho mais distribuídos, em vez de uma mega concentração", apontou o autarca de Gaia.
Porém, Eduardo Vítor Rodrigues defendeu que "o equipamento é importante para Gaia", seja "mais adiante ou mais para trás", e avisou que em jogo está "o interesse de um prédio em concreto e o interesse de um concelho".
"Acho mesmo que aquele cais faz sentido. Acho que é preciso ajustá-lo porque, de facto, o impacto é significativo, mas acho também que ninguém pode esperar que uma obra pública daquela importância para a cidade e para o concelho seja discutida na base de 'eu estou a perder as minhas vistas para o rio'", disse.
Ainda assim, lembrou que a câmara municipal já assumiu publicamente e junto dos moradores estar a "estudar o assunto e dar um parecer o mais musculado possível" para salvaguardar os interesses dos residentes.
Os moradores do edifício Destilaria Residence, em frente ao possível novo terminal fluvial do Cais do Cavaco, em Gaia, continuam contra o projeto após o parecer favorável condicionado da APA, indicaram à Lusa.
A Declaração de Impacto Ambiental (DIA) assume que se perspetiva "a perda da visão frontal para o rio e para a cidade do Porto para a maioria dos moradores nos dois primeiros pisos do edifício Destilaria Residence, passando apenas a poder usufruir de uma visão lateral sobre essa paisagem".
Segundo a DIA, em sede de RECAPE [Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução], dever-se-á "minimizar o impacto do edifício do terminal sobre o condomínio Destilaria Residence, equacionando, nomeadamente, a deslocação da posição do edifício para poente, a redução da cércea, ou outras soluções que permitam a referida minimização".
No estudo inicial estavam previstos "quatro postos de acostagem com capacidade para acolher quatro navios-hotel com comprimento de 80 m" e "a possibilidade de acostagem de um navio extra" para manutenção ou cargas, bem como "a instalação de um pequeno núcleo de recreio náutico com capacidade para cerca de cinco dezenas de embarcações de recreio".
No entanto, foi "solicitada a redução da extensão do cais, diminuindo consequentemente a capacidade de atracagem para um máximo de três barcos de 80 metros", e também "pode ser equacionada a eventual eliminação total ou parcial de componentes, como por exemplo o núcleo de recreio náutico".
O edifício do terminal, projetado pelo arquiteto Álvaro Siza, tem dois pisos e é revestido a tijolo burro, é "de planta retangular, apresenta 180 m [metros] de comprimento e 27 m de largura" e "dispõe de dois pisos, apresentando altura de 10 m, e a sua área de implantação é de 4.825 m2 [metros quadrados]".
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