O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, evocou, esta quarta-feira, o escritor Eduardo Pitta, que morreu ontem na sequência de complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral.
"Poeta, ficcionista, crítico, cronista, memorialista, Eduardo Pitta nasceu em 1949 numa Lourenço Marques onde a vida era diferente da vida na metrópole, mais espaçosa, mais livre, menos vigiada pela censura, de inclinação mais anglófona e com um mais amplo acesso à literatura e à cultura contemporâneas (através nomeadamente das boas livrarias laurentinas e sul-africanas)", lembra a nota publicada no site da Presidência.
O chefe de Estado recorda ainda que o escritor, que morreu aos 73 anos, se estreou como poeta em 1974, tendo vindo no ano seguinte para Portugal. "Tal como já acontecera em Moçambique, manteve colaboração regular na imprensa, destacando-se o trabalho como crítico literário nas revistas Ler e Colóquio-Letras, textos depois reunidos em volumes que constituem uma breve história da poesia portuguesa de três décadas", lembra ainda.
Apresentando as condolências ao marido de Pitta, Marcelo caracteriza a sua poesia como "culta, concisa, exata, por vezes agreste". A nota refere ainda que esta escrita tem como "'marcas de água' (título de uma antologia de 1999) o fim do Império, o confessionalismo cifrado, as leis da atração e a condição homossexual, à qual dedicou também um ensaio pioneiro, 'Fractura' (2003), e uma convicta militância sócio-política".
O ensaísta morreu em Torres Vedras, no distrito de Lisboa, durante a manhã de terça-feira. O escritor, que fez da identidade homossexual matéria da sua criação literária, publicou desde 1974 dez livros de poesia, um romance, duas coletâneas de contos, quatro volumes de ensaio e crítica, duas recolhas de crónicas, dois diários de viagem e o livro de memórias 'Um Rapaz a Arder'.
Após a notícia da sua morte, as editoras Publicações D. Quixote e Quetzal lamentaram a sua partida.
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