Queima das Fitas de Coimbra muito participado e com mensagens políticas

Cerca de uma centena de carros desfilam hoje no cortejo da Queima das Fitas de Coimbra, alguns com mensagens políticas, apesar do clima de festa que se sente pelas ruas da cidade, com milhares de pessoas a assistir.

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Lusa
25/05/2025 19:25 ‧ há 2 horas por Lusa

País

Queima das Fitas

Críticas à saúde, a crise da habitação, ao desemprego, ao custo de acesso ao ensino superior ou a situação política atual do país foram algumas das denúncias feitas pelos estudantes, que deram início ao desfile na tarde de hoje, no Largo Dom Dinis.

 

Além das mensagens e trocadilhos de cariz sexual habitualmente presentes, os carros foram adornados com bonecos do primeiro-ministro, Luís Montenegro, ou do ministro da Educação, com as laterais preenchidas de flores com as cores dos cursos ou faculdades e mensagens políticas, algumas a apontar receios dos estudantes.

Com frases como "Portugal forma, a Europa emprega" e "se dedicação pagasse contas, o enfermeiro seria rico", os alunos deste curso denunciaram a perspetiva de ser preciso procurar emprego noutra localidade ou no estrangeiro para serem valorizados, contou à Lusa Solange e Rosa, de 21 anos, que ainda têm um ano de estudo até concluir a formação.

Quado terminarem o curso de enfermagem, a perspetiva é "muito provavelmente ir para fora", adiantaram.

O carro do curso de economia focou-se "nas eleições constantes", que não permitem que as políticas sejam "implementadas em condições", disse Mariana Santos, de 21 anos.

O carro da aluna do terceiro ano de Economia tinha na dianteira um tapete do jogo Monopólio com um boneco de Luís Montenegro, a segurar uma caixa onde se lê "Spinumviva", empresa da família do primeiro-ministro.

Na lateral, comentários como "Campanha eleitoral ou 'casting' para reality show? Difícil dizer" ou "Mudança? só se for de cadeiras no Parlamento", o objetivo era "ridicularizar a maior preocupação com a imagem do que propriamente com fazer coisas cuidadas e com políticas que realmente vão ter o efeito que é preciso".

"Cunha tem prioridade, mérito aguarda triagem", "é mais fácil formar governo do que arranjar quarto em Coimbra", "única medicação que nos é oferecida é a resiliência", "sem bolsa, sem hipóteses" e "estudantes endividados, ministros descansados" foram algumas das frases expostas nos carros.

O carro de animação socioeducativa da Escola Superior de Educação fez uma crítica ao elevado custo de estudar no ensino superior, disse Margarida Monteiro, de 21 anos.

"O dinheiro que gastamos [para aceder ao ensino superior] não é recompensado nos nossos salários, apesar de termos um grau maior de educação", sublinhou, realçando os preços das propinas e das rendas, este último dificultado pelo facto de que, "na maioria das vezes, [os senhorios] nem se quer passam recibos".

Já o carro de Mariana, de 23 anos, com alunos que fizeram os três primeiros anos de medicina nos Açores e os últimos três em Coimbra, criticou a sobrelotação do Serviço de Urgência, resultado da "falta de médicos, falta de recursos e da má gestão hospitalar".

Também o carro da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra denunciou a desvalorização do farmacêutico no SNS, contou o estudante de 23 anos Miguel Fernandes.

Sublinhando "o papel que os farmacêuticos podiam ter na comunidade, não só para aliviar a pressão que tem sido posta no SNS, como também para pôr os conhecimentos em prática", Miguel Fernandes abordou a perspetiva de emigração como solução para arranjar trabalho.

Pelo cortejo, apesar das críticas sociais, o clima era de diversão, com as habituais "bengaladas" na cartola dos finalistas, os tradicionais banhos de cerveja, música e milhares de pessoas a assistir ao desfile nas ruas, mas também desde as janelas e as varandas das próprias casas.

Leia Também: Começa na segunda-feira greve de 5 dias nos transportes de Coimbra

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