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Invasões do Iraque e da Ucrânia não têm "comparação", diz antigo MNE

O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Martins da Cruz considera que a atual invasão russa da Ucrânia "não tem comparação" com aquela que os Estados Unidos lideraram há 20 anos no Iraque e que Portugal apoiou.

Invasões do Iraque e da Ucrânia não têm "comparação", diz antigo MNE
Notícias ao Minuto

08:42 - 07/04/23 por Lusa

País Entrevista

"Não tem nada a nada que ver uma coisa com a outra", disse em entrevista à Lusa o chefe da diplomacia à data da invasão do Iraque, que levou à queda do regime de Saddam Hussein, em 09 de abril de 2003.

Para Martins da Cruz, o paralelo com o atual conflito "não tem ponta por onde se pegue, quer do ponto de vista do direito, quer do ponto de vista estratégico, quer do ponto de vista tático, quer do ponto de vista geopolítico, e não há comparação possível".

O argumento do Iraque como legitimação da Rússia para invadir a Ucrânia, em 24 de fevereiro do ano passado, declarou, "é uma típica invenção dos argumentos russos para justificar uma ação injustificável à luz do direito internacional e da Carta das Nações Unidas".

Instado a comentar o facto de a intervenção no Iraque também não ter respaldo das Nações Unidas, Martins da Cruz admitiu: "Pois não, mas não foi a única".

O antigo diplomata e embaixador na NATO argumentou que anteriormente países da NATO sob o comando dos Estados Unidos e "desta vez com a França e com todos e até com Portugal" enviaram militares para a Bósnia ainda "sem decisão nenhuma" do Conselho de Segurança das Nações Unidas: "Portanto, não foi seguramente a primeira nem a última vez e podia dar mais exemplos".

Voltando à Ucrânia, o ex-governante acusou as autoridades de Moscovo de todas as semanas inventarem novos argumentos, desde ideológicos a fronteiras histórias, vendo neste último uma impossibilidade.

"Como se houvesse fronteiras históricas no mundo", observou, continuando que, se existissem, Portugal teria de invadir a Espanha para recuperar Olivença e "em África era a balbúrdia total, porque as fronteiras foram traçadas de lápis na mão na Conferência de Berlim no século XIX, com um total desinteresse pelas etnias e pelos direitos dos povos africanos".

Na mesma linha, alegou que os Estados Unidos não têm fronteiras com o Iraque e que os motivos invocados estavam assentes na deposição do regime de Saddam Hussein e sua suposta posse de armas proibidas, que nunca foram encontradas.

A ofensiva militar, lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia foi justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança do seu país e foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para Kiev e imposição a Moscovo de sanções políticas e económicas.

Leia Também: Face à perda de apoio, Putin estará a recorrer a incentivos "estranhos"

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