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Criada rede de cooperação para desenvolver zonas de fronteira

Mais de três dezenas de entidades públicas e privadas de Portugal e de Espanha criaram hoje uma rede de cooperação para partilha de experiências e, em conjunto, encontrarem soluções de desenvolvimento nas zonas de fronteira entre os dois países.

Criada rede de cooperação para desenvolver zonas de fronteira
Notícias ao Minuto

19:44 - 01/02/23 por Lusa

País Portugal e Espanha

O documento que constituiu a REDCOT (Rede Portugal -- Espanha de Cooperação Transfronteiriça) foi hoje assinado no Museu dos Coches, em Lisboa, numa cerimónia "apadrinhada" pela ministra portuguesa da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e pela ministra da Política Territorial de Espanha, Isabel Rodriguez Garcia, acompanhadas pela secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Isabel Ferreira, e pelo secretário-geral para o Desafio Demográfico, Francesc Boya.

A rede é composta para já por 31 entidades representantes de toda a fronteira luso-espanhola e surgiu com base na Estratégia Comum de Desenvolvimento Transfronteiriço, assinada na Guarda, em outubro de 2020, entre governantes dos dois países, e renovada no compromisso assumido pelos dois países da Cimeira Ibérica realizada em novembro em Viana do Castelo.

O objetivo é que estas entidades troquem experiências e identifiquem as áreas prioritárias onde atuar para combater problemas comuns aos dois lados da fronteira, como as assimetrias e o despovoamento.

Segundo a ministra Ana Abrunhosa, esse documento, assinado há mais de dois anos, foi um documento político que continha a grande falha de ter sido "feito de cima para baixo".

Com a criação da rede, inverte-se a situação e são as diversas associações e entidades que trabalham ao nível local que poderão contribuir e apresentar soluções e o seu exemplo para encontrar soluções de cooperação entre os dois lados da fronteira.

"O que estamos a fazer é institucionalizar algo que queremos que, no dia-a-dia, resulte em propostas concretas para que as possamos depois também alimentar com fundos, porque não faltam recursos", disse a ministra portuguesa, salientando que a rede pode ajudar a definir as prioridades para o desenvolvimento e distribuição de fundos nas regiões transfronteiriças.

"O sucesso da nossa estratégia comum não depende só de dinheiro para financiar as nossas medidas. Obviamente que os recursos são importantes e também queremos e vamos colocar recursos para dinamizar esta rede, para que, para além do apoio político, ela também tenha meios financeiros para se reforçar e para trazer de forma institucional os seus contributos para esta estratégia comum de desenvolvimento transfronteiriço", afirmou.

Ana Abrunhosa destacou que da criação da rede surgem compromissos, como o de corrigir assimetrias, de combater o isolamento das populações, "alimentar dinâmicas de crescimento" nos territórios e "de fazer desaparecer a fronteira que a pandemia [de covid-19] voltou a levantar".

A ministra portuguesa destacou ainda diversos projetos de cooperação transfronteiriços já existentes, como o 112 transfronteiriço, um projeto-piloto de emergência em saúde no Norte, entre Portugal e Galiza, "que visa ser alargado em breve a todas as zonas transfronteiriças".

Também destacado foi a criação, ao nível da dinâmica laboral, do Guia Prático do Trabalhador Transfronteiriço, e diversas ligações rodo e ferroviárias transfronteiriças, nomeadamente a ligação ferroviária extra de Lisboa à Corunha, que na terça-feira recebeu o apoio de Bruxelas.

"Queremos uma estratégia plurianual de sustentabilidade do turismo transfronteiriço, uma agenda cultural comum, a prevenção da violência doméstica e da violência contra as mulheres", acrescentou, salientando ainda a cooperação em matéria de proteção civil.

A cooperação entre os dois países em matéria de Proteção Civil foi precisamente abordada por Isabel Rodriguez Garcia, a ministra da Política Territorial de Espanha, país que assume a presidência da União Europeia em julho de 2023.

"Neste quadro, no Comité das Regiões estamos também a trabalhar em coordenação um pedido de parecer sobre a cooperação transfronteiriça no domínio da proteção civil e dos incêndios, um mal que sofremos periodicamente na Península Ibérica e em cuja luta vimos colaborando com sucesso, mas nunca será demais que continuemos a aprofundar a melhorar essa cooperação", disse.

Isabel Rodriguez Garcia salientou ainda a realização de "uma conferência sobre o desafio demográfico, onde também poderão ser abordados de forma mais intensa alguns dos problemas" nesta área, partilhados entre Portugal e Espanha.

A ministra espanhola destacou também que casos de cooperação entre Portugal e Espanha, como a rede hoje formalizada, poderão servir de "exemplo e de inspiração" para outras fronteiras de países da União Europeia, salientando os valores e interesses comuns dos dois países na União, em "iniciativas essenciais" para os "cidadãos e para as mudanças estruturais necessárias na União Europeia, como foi a solução ibérica" de política energética.

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