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Brasileiros em Portugal entre o regresso pela crise e a esperança

Gustavo Dias está à espera de regressar ao Brasil para fugir à crise em Portugal, um sonho europeu que não se concretizou, num momento em que as estruturas de apoio falam que o número de recém-chegados continua a aumentar.

Brasileiros em Portugal entre o regresso pela crise e a esperança
Notícias ao Minuto

06:40 - 26/10/22 por Lusa

País Brasil

Custos de vida, sobretudo da casa, e salários baixos em Portugal obrigaram o jovem brasileiro Gustavo Dias a regressar ao seu país com sonhos de imigrante desfeitos, mas com esperança nas eleições e na vitória do seu candidato, Jair Bolsonaro.

Chegado há um ano a Portugal, país onde esteve como imigrante num primeiro período nos anos 2000, Gustavo aguarda agora pelo regresso, no âmbito do programa de apoio ao retorno voluntário de imigrantes, da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

O padre António Pires, da Costa da Caparica, sustenta que a habitação cara e precária é um problema que assusta os novos brasileiros, mas a comunidade deverá continuar a aumentar em Portugal até que a saúde, educação e segurança melhorem no Brasil.

Por isso, o resultado das eleições presidenciais do dia 30 não terá influência na imigração para Portugal, considerou o sacerdote, admitindo que a Costa da Caparica, destino habitual dos brasileiros, já não é o local preferencial para muitos dos recém-chegados, até porque o custo da habitação tem afastado muitos.

A falta de contratos de arrendamento legais coloca também uma pressão, criando uma situação de precariedade entre os inquilinos, que, em muitos casos, estão "obrigados a ir procurar [casa] noutros lugares".

"Só que, entretanto, as crianças estão nas escolas, as pessoas estão empregadas aqui nas redondezas e isso torna-lhes a vida muito difícil", sublinhou o sacerdote.

Os novos imigrantes ainda passam pela Costa da Caparica, mas "não se fixam, como se fixaram" noutros tempos, porque as pessoas "não têm capacidade para pagar a habitação", acrescentou, salientando que muitos optam por outras zonas mais baratas da grande Lisboa, como o Seixal, Moita, Alcochete ou Barreiro.

Outros regressam, como a mãe de Gustavo Dias, que via o anexo onde vivia a consumir metade do seu salário, a trabalhar em Portugal. Pelo meio, Gustavo viu esfumar-se a promessa de bolsa para estudar História em Portugal, o objetivo que o trouxe há um ano.

Em Portugal, "temos uma educação, na minha conceção, elevada, temos uma organização maior em certas coisas. Já no Brasil, nesta área, "tivemos sérios problemas e várias reformas", explicou o estudante que teve de trabalhar na construção civil e em refeitórios.

Perante a falta de soluções, a família teve de recorrer ao apoio social e alimentar na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e, por último, acabou por decidir o regresso ao Brasil, que será a 14 de novembro, um ano depois de terem chegado.

Agora, Gustavo Dias quer terminar a faculdade no Brasil para sair de novo em busca de "uma oportunidade melhor de crescimento profissional".

De Portugal, disse levar, já como adulto, uma nova perceção da política no seu país, por causa do que viu aqui: "Vocês são mais preparados politicamente" e o Brasil "ainda é uma criança andando no caminho da política" e da democracia.

Gustavo e a mãe partiram do Brasil com o Presidente Bolsonaro no poder e vão regressar já com um novo chefe de Estado eleito, que pode ser o mesmo.

Se pudessem votar, a escolha seria Bolsonaro, que "fez um grande trabalho com o pouco que tinha, já que o país estava bem frustrado financeiramente, com várias dificuldades e conseguiu estabilizar o país".

"Vamos dizer que eu sou conservadora. Então (...) votaria no Bolsonaro", afirmou a mãe de Gustavo, Maria Gorzola, salientando que o atual Presidente "tem muito apego aos direitos da família" e é um "homem patriota".

Por outro lado, "fez um bom trabalho. Não teve como fazer mais por causa da pandemia. Já pegou o país com muitas dívidas", mas "não teve tempo para fazer ainda muita coisa".

Com Bolsonaro, Maria Gozolo espera que o Brasil alcance "um equilíbrio financeiro, que a inflação não suba tanto, que melhore a educação".

Já sobre Lula, Maria reconheceu que "foi um bom Presidente" mas "houve muito desvio de dinheiro, muita coisa errada". Além disso, "por mais que tenha sido inocentado, eu não vejo isso com bons olhos".

Para o pároco da Costa da Caparica, mais do que as eleições, é a situação social do Brasil e a violência que afeta a emigração.

"Penso que enquanto houver no Brasil alguns fenómenos que têm a ver com a educação, a saúde e a violência, a imigração tenderá sempre a aumentar, porque são estas as questões de que a comunidade imigrante se queixa", sustentou o padre António Pires.

Luiz Inácio Lula da Silva, antigo Presidente do Brasil, venceu a primeira volta das eleições presidenciais brasileiras com 48,4% dos votos e Jair Bolsonaro, recebeu 43,2%, pelo que os dois candidatos terão de se enfrentar na segunda volta.

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