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Critérios da Ordem dos Médicos? "Têm uma lógica muito redutora"

O bastonário da Ordem dos Médicos esteve no programa 'O Princípio da Incerteza', durante o qual a antiga ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública apontou algumas responsabilidades para as dificuldades no acesso às carreiras.

Critérios da Ordem dos Médicos? "Têm uma lógica muito redutora"

Numa altura em que as carreiras e condições na área da saúde voltaram a ser tema em cima da mesa, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, esteve presente no programa 'O Princípio da Incerteza', na segunda-feira. No espaço de comentário da CNN Portugal esteve também Alexandra Leitão, comentadora habitual no canal, que apontou responsabilidades a quatro entidades.

"Há uma questão a montante. Os serviços que podem formar [médicos] são aqueles que têm a sua idoneidade previamente definida pela própria Ordem", começou por dizer, lembrando que são os serviços de cada área que definem a sua capacidade formativa. "Ou seja, no acesso à especialidade a Ordem acaba por intervir duas vezes", sublinhou a antiga ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, explicando que 'a jusante' estava a confirmação das "vagas que aquele serviço pode efetivamente formar". "Considero que a segunda intervenção é tautológica porque se já deu idoneidade, à partida o serviço é que deve saber quantas vagas é que pode abrir", rematou a socialista.

A antiga responsável considerou ainda que havia critérios definidos pela Ordem - como, por exemplo, o número de internos que cada especialista poderia ter - que contribuíam também para o problema das carreiras. "Isso tem logo uma lógica muito redutora no número de vagas", especificou. 

Sublinhando que não sabe até que ponto é que estes critérios têm obrigatoriamente que ser definidos pela Ordem, Alexandra Leitão explica o impacto destas regras tendo em conta a escassa formação de médicos no século passado. "Algures entre 85 e 95 formávamos oito vezes menos médicos", notou, especificando que, atualmente, isso faz com que  haja "poucos especialistas entre os 45 e os 55 anos. Como temos poucos especialistas, temos poucos internos", rematou, acrescentando: "Enquanto não rompermos este ciclo não estamos a resolver o problema estrutural" referiu, apontando que mesmo que hoje em dia haja oito vezes mais estudantes de medicina, esse ciclo não consegue ser quebrado. Ainda não resolvemos porque chegamos ali.

Utilizando o exemplo dos professores a comentador chamou ainda a atenção para a contagem das "cabeças do SNS". "Devíamos contabilizar o número de médicos em tempos integrais", sugeriu, lembrando que é isso que se faz na Educação. "Ter um médico com 60 ou outro de 40 anos não é igual em termos do que ele pode fazer num serviço", recordou, sublinhando que há profissionais que devido à idade já não são obrigados a fazer horas nos serviços de Urgência. "Para o SNS esse médico não faz as mesmas horas que outro médico", rematou. 

Alexandra Leitão apontou responsabilidades não só à Ordem, como também aos ministério da Saúde e da Educação e Ensino Superior - e, por último, às universidades. "Devia haver uma universidade no Algarve. Que é um sitio com tanta falta de médicos", sublinhou. Relembrando ainda a altura em que assumiu a pasta da Administração Pública, a comentadora garantiu que tentou mudar o Sistema Integrado de Gestão e Avaliação no Desempenho da Administração Pública (SIADAP). "E isso arrastaria também o SIADAP dos médicos", garantiu, explicando perceber as razões para o privado seja tão atrativo. 

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