"Tão difícil Portugal recuperar Olivença como Ucrânia recuperar Crimeia"
António Filipe esclareceu que "não há qualquer possibilidade, do ponto de vista militar, de a Ucrânia recuperar a Crimeia".
© Global Imagens
País Ucrânia/Rússia
O ex-deputado do PCP, António Filipe, comentou, esta sexta-feira, no 'Expresso da Meia Noite', na SIC Notícias, a guerra na Ucrânia, onde defendeu que "tem que haver uma negociação, não há alternativa a isso" e explicou que "numa situação como esta, quanto mais tarde pior".
"É tão difícil Portugal recuperar Olivença aos espanhóis como a Ucrânia vir a recuperar a Crimeia", frisou o político, esclarecendo que essa hipótese "não está em cima da mesa", visto que "não há qualquer possibilidade, do ponto de vista militar, de a Ucrânia recuperar a Crimeia".
Para António Filipe, "o que está a acontecer no Donbass é um alargamento da esfera de influência russa da Crimeia para o Sul da Ucrânia, fazendo a ligação com os territórios do Donbass e as Repúblicas de Lugansk e Donetsk".
A seu ver, "a queda de Mariupol é significativo da superioridade militar da Rússia, que era evidente". O ex-deputado frisou que "a partir do momento em que não se conseguiu evitar esta guerra, ninguém acreditaria que fosse possível uma vitória militar da Ucrânia, a menos que se pensasse que o objetivo da Rússia era conquistar Kyiv", acrescentando que "qualquer pessoa russa, com o mínimo de juízo, saberia à partida que esse era um objetivo irrealista".
Numa altura em que Moscovo mobiliza mais tropas para o Donbass, António Filipe argumentou que "se a União Europeia quiser continuar com o discurso de criar a ilusão Zelensky, de que é possível derrotar militarmente a Rússia e vencer militarmente esta guerra, estamos a criar ilusões e a conduzir muitos ucranianos, infelizmente, para a morte".
A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 93.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,6 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A ONU confirmou na quinta-feira que 3.974 civis morreram e 4.654 ficaram feridos, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.
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