Em reação à morte de mais de uma dezena de animais num abrigo ilegal, o presidente da OMV, Jorge Cid, mostrou-se consternado e sublinhou que os veterinários têm vindo "a alertar ao longo dos anos que este problema é geral e global do país, onde pululam situações de abrigos, uns legais e outros ilegais, com falta de condições".
Insistiu, por isso, na necessidade de realizar "um levantamento nacional de todas estas situações e destes locais para ver os que têm condições para funcionar e os que não têm" de modo a que "não haja surpresas como agora".
"Em caso de catástrofe - neste caso incêndios, mas poderiam ser inundações e sismos - tem de haver um plano previamente definido para a alocação dos animais, quer de companhia, quer de produção e de zoo", integrado na proteção civil, afirmou Jorge Cid à Lusa.
O problema de raiz, frisou, é a questão dos animais abandonados e a "falta de vontade política" para o resolver.
"Basta fazer um levantamento nacional de todos os animais existentes em abrigos, canis e associações, microchipá-los a todos e esterilizar no mínimo as cadelas e eventualmente os cães, e o problema vai-se resolvendo", acrescentou o presidente da OMV.
Outras ferramentas que considerou necessárias para evitar episódios como o de Vila Real de Santo António, esta semana, e o de Santo Tirso, em 2020, passam por integrar veterinários na proteção civil e contratar "muito mais veterinários municipais" ao serviço das autarquias.
No dia 17 de julho, Jorge Cid, em entrevista à Lusa, já tinha expressado a necessidade de se realizar um levantamento nacional e lamentou o "esquecimento" a que a situação vivida nos abrigos ilegais de Santo Tirso foi votada pelo Governo e a que junta a ausência de resposta à proposta entregue ao Ministério da Agricultura em 20 de dezembro.
O documento em causa foi elaborado pelo grupo de trabalho formado pela Direção-geral de Alimentação e Veterinária (que coordenou), da Associação Nacional de Municípios Portugueses, da Procuradoria-Geral da República, da Ordem dos Médicos Veterinários e da Liga Portuguesa dos Direitos do Animal.
Questionado sobre a quem cabe fazer o levantamento nacional, o bastonário assinalou que "tem de ser feito pelas entidades competentes, nomeadamente o Governo, por intermédio do SEPNA [Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente], Direção-Geral de Alimentação e Veterinária e pelas câmaras municipais".
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