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Enfermeiros nos Açores dizem que fecho de concelhos já não é eficaz

O presidente da Ordem dos Enfermeiros nos Açores olha "com alguma preocupação" para a situação epidemiológica na região, mas considera que "fechar os concelhos já pouco será eficaz" para travar a transmissão de covid-19.

Enfermeiros nos Açores dizem que fecho de concelhos já não é eficaz
Notícias ao Minuto

15:56 - 06/01/21 por Lusa

País Covid-19

Em declarações à agência Lusa, Pedro Soares admitiu que a Ordem dos Enfermeiros nos Açores vê a evolução da situação epidemiológica "com alguma preocupação, principalmente a nível da ilha de São Miguel", e diz aguardar "com expectativa, no sentido de perceber quais são as novas medidas" que poderão sair do Conselho de Governo, que se reúne esta tarde para avaliar o aumento dos casos na região.

Sobre as possíveis regras a adotar, o responsável partilha a opinião da Autoridade Regional de Saúde de que "fechar os concelhos já pouco será eficaz".

"Na nossa opinião, passa muito pela ainda maior capacitação da população naquilo que é a informação sobre os nossos comportamentos. Penso que, neste momento, este aumento tem a ver com os comportamentos que houve durante a época natalícia. A nossa população pode não ter cumprido à risca as indicações que foram dadas", concretiza.

O presidente da secção regional da Ordem sublinha ainda que a solução passa por continuar "a testagem em termos de várias populações afetadas e passa, sem dúvida, por uma vacinação eficaz e cada vez mais, não só nos lares, mas no resto da população açoriana".

Até agora, a campanha de vacinação para a covid-19 "está a correr de uma forma eficaz, de uma forma rápida", garante, mas lamenta "que o número de vacinas disponibilizado à região seja aquele que foi".

O arquipélago recebeu 9.750 doses, fornecidas diretamente pela Pfizer-BioNTtech, que correspondem a 2% do total de cada fornecimento ao território nacional. A primeira fase de vacinação arrancou, na passada quinta-feira, nas ilhas da Terceira e São Miguel, "por serem aquelas que revelam transmissão comunitária", explicou a secretaria regional da Saúde e Desporto dos Açores, na semana passada.

Para a Ordem dos Enfermeiros, "o cenário ideal seria um número de vacinas que correspondesse também à capacidade de administrar" existente nos Açores, mas "um dos grandes problemas tem a ver com não haver informação da quantidade de vacinas que vão ser distribuídas à região nas próximas levas de vacinação", o que "causa um problema em termos de planeamento".

"O plano de vacinação [regional] foi bem pensado", considera o responsável, já que "está, de certa forma, desenhado para, se for necessário, ser alterado nos próximos tempos".

Pedro Soares lembra que os enfermeiros da região, "além de terem de fazer as testagens, têm de ter ainda a disponibilidade para fazer a administração das vacinas", o que significa um aumento do trabalho "com o mesmo número de recursos humanos".

A falta de profissionais é uma reivindicação antiga da Ordem dos Enfermeiros, mas, neste momento, "cria uma dificuldade acrescida", porque não há "enfermeiros para ir buscar a mais lado nenhum".

"Aquilo que está a acontecer é que estamos a tentar reorganizar dentro das próprias instituições, de forma a que tenhamos o tempo das testagens e o tempo da administração das vacinas", explica.

Outra solução passa pela criação de uma bolsa de enfermeiros, que permita requisitar profissionais que não trabalhem no Serviço Regional de Saúde, uma proposta que já tinha sido avançada, mas que não tinha sido aceite, lembra Pedro Soares.

"A grande diferença (...) para agora é que, enquanto em abril havia uma bolsa preparada para todas as ilhas e não houve grande abertura por parte da tutela para a sua utilização, neste momento, as coisas mudaram nesse aspeto. Nós temos um levantamento, e continuamos a fazer esse levantamento, de melhoria da bolsa de enfermeiros, e há uma abertura por parte da tutela de que esses enfermeiros serão necessários e provavelmente vão ser utilizados. É a forma como uma região com recursos limitados, como vínhamos alertando nos últimos meses tem de agir, porque não há outra forma".

Depois de se registarem, nas últimas 24 horas, 70 novas infeções pelo novo coronavírus, a região conta agora 500 casos positivos ativos na região, sendo 452 em São Miguel, 38 na Terceira, um no Pico, dois em São Jorge, três nas Flores e quatro no Faial.

Nos Açores foram detetados até ao momento 2.243 casos de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, verificando-se 22 mortes e 1.627 recuperações.

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