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Professora moldava dinamiza ensino da língua portuguesa na Ucrânia

Uma professora de origem moldava dinamiza regularmente, na Ucrânia, diferentes ações para promover a lusofonia e a aprendizagem da língua de Camões com apoio das embaixadas de Portugal e do Brasil.

Professora moldava dinamiza ensino da língua portuguesa na Ucrânia
Notícias ao Minuto

09:24 - 13/12/20 por Lusa

País Educaçãp

Ligada ao país pelo casamento, Nadejda Kozlenko recorda à agência Lusa que se apaixonou pela língua portuguesa na juventude, quando via a telenovela brasileira "A Escrava Isaura", protagonizada pela atriz Lucélia Santos.

Nadejda, de 48 anos, frequentava nessa época, em 1988, a escola secundária da sua terra natal, no sul da então República Socialista Soviética da Moldávia.

"Aquela série foi um verdadeiro choque cultural, não só por ouvirmos uma língua exótica e desconhecida, mas também por termos acesso a um novo formato de melodrama televisivo, muito diferente do género a que o público estava habituado", na antiga União Soviética, afirma.

Não havendo cadeira de Português na Moldávia, ingressou na Universidade de Bucareste, na Roménia, para "aprender de verdade e de vez" o idioma do futuro Nobel da Literatura José Saramago.

Também poetisa de expressão lusófona, ela trabalha no serviço consular da Embaixada de Portugal na Ucrânia, além de lecionar Português na Universidade Nacional de Linguística e na Nova Mova, uma escola de línguas privada, em Kiev.

Nadejda Kozlenko contabiliza cerca de 100 alunos de Português na capital ucraniana, incluindo na Universidade Nacional Taras Shevchenko, entre médicos, jornalistas, engenheiros e outros interessados de diversas idades.

"Muitos deles já estão em Portugal a viver e a trabalhar", segundo a própria, que se diz "feliz por contribuir de alguma maneira" para melhorar a vida dessas pessoas.

Envolvendo várias entidades diversas nas iniciativas, tem trabalhado com o coordenador do Centro de Língua Portuguesa (CLP) Camões em Kiev, Henrique Albuquerque, contando ainda com a ajuda de outros portugueses e artistas locais.

Alunos e demais falantes da língua de Pessoa congregam-se em encontros para poderem ouvir e interpretar temas de Amália Rodrigues ou Dulce Pontes, além de produzirem filmes e programas sobre escritores lusófonos.

Fernando Pessoa e Camões, por exemplo, estão presentes nalguns vídeos promocionais, gravados com a participação da docente, que surge por vezes a cantar ou a saborear pastéis de nata com os estudantes.

No centenário de Amália (1920-1999), em julho, a fadista foi evocada numa ação da Embaixada de Portugal, escola Nova Mova e CLP Camões, dinamizada por Nadejda e Henrique Albuquerque, um professor que "goza de muito respeito e sucesso" em Kiev, segundo a moldava.

Tratou-se de uma homenagem "pensada e cantada por estrangeiros que sentem a alma portuguesa", enfatizam os organizadores.

O último projeto, dedicado a Clarice Lispector (1920-1977) e também apoiado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, assinalou os 100 anos do nascimento, em 10 de dezembro, da escritora e jornalista ucraniana naturalizada brasileira.

Clarice é considerada uma das autoras brasileiras mais importantes do século XX e a maior escritora judia depois de Franz Kafka (1883-1924).

Licenciada em Filologia Românica pela Universidade de Bucareste, Nadejda Kozlenko obteve ainda qualificação superior nas universidades de Coimbra e do Porto.

"Sou apenas uma apaixonada pela língua portuguesa, idioma com enorme riqueza lexical que ganha hoje importância à escala global", declara à Lusa.

Há dois anos, participou na produção do documentário "Lusucrânia", sobre os fenómenos da lusofonia na Ucrânia.

"A língua portuguesa é muito melodiosa e nasceu para ser cantada", observa a professora.

Em 2018, quando foi criado o CLP de Kiev, ela e os amigos começaram a celebrar a Semana da Língua Portuguesa, em maio.

"É possível criar portugalidade fora de Portugal", congratula-se Nadejda. O seu nome moldavo significa esperança.

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