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Pediatras defendem aulas presenciais e "brincadeiras nos intervalos"

Apesar de defenderem o acompanhamento da propagação do vírus nas escolas, a Sociedade Portuguesa de Pediatria, a Sociedade de Infecciologia Pediátrica da SPP e o Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos denotam que os estudos realizados até ao momento indicam que os surtos escolares "são raros".

Pediatras defendem aulas presenciais e "brincadeiras nos intervalos"
Notícias ao Minuto

18:03 - 01/09/20 por Mafalda Tello Silva

País Ano letivo

A Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), a Sociedade de Infecciologia Pediátrica da SPP e o Colégio de Pediatria da Ordem dos Médicos partilham uma nota, na qual defendem o regresso das aulas presenciais e a retoma das "brincadeiras nos intervalos".

Não desvalorizando a preocupação e os riscos que o início deste ano escolar acarreta, as direções das referidas entidades recordam também que já existem estudos que devem trazer alguma tranquilidade, visto que apontam para que os surtos de Covid-19 em escolas são fenómenos "raros".

Em primeiro lugar, os pediatras começam por assinalar que, até ao momento, sabe-se que, "contrariamente à grande maioria das infeções víricas", a infeção provocada pelo novo coronavirus "tem causado doença menos grave em idade pediátrica do que no adulto": "As crianças parecem ter menor incidência da doença e desenvolver sintomas ligeiros e transitórios, de evolução benigna, sendo os internamentos e as fatalidades excecionais".

Confinamento "teve grande impacto na saúde das crianças"

Depois, segundo os especialistas, a anterior interrupção das atividades escolares e extra-escolares ditada pelo confinamento "teve grande impacto na saúde das crianças, a nível da aprendizagem, da socialização e da saúde mental". Na altura, analisam os pediatras, foram as crianças, "sobretudo do primeiro ciclo", que sentiram uma maior insatisfação "com as novas modalidades de ensino por videoconferência". O resultado traduziu-se em "dificuldades de concentração e na realização de tarefas". Os obstáculos ao acesso a meios informáticos também não ficam esquecidos. Para os pediatras, foi nítido que este modelo de ensino virtual "veio acentuar ainda mais as diferenças nas crianças mais desfavorecidas".

Mas as desigualdades, apontam os pediatras, não foram só sentidas na área tecnológica, mas também no ensino prestado aos alunos com necessidades educativas especiais: "Crianças com doença crónica complexa ficaram privadas das diferentes terapias de que beneficiavam em ambiente escolar, o que contribuiu, em muitos casos, para a regressão da condição de base".

Mais, a própria vertente da escola como um "espaço para brincar" - que representa um "processo essencial ao desenvolvimento infantil" - bem como um local seguro, "onde existe alimento e ternura", também foi algo que foi retirado às crianças com o encerramento das escolas e que é "tão necessário em alguns casos". 

"O mais importante continua a ser o comportamento responsável dos adultos"

Perante os argumentos anteriormente referidos, as direções avaliam: "Os estudos disponíveis sobre a transmissão da infeção na comunidade escolar, em países onde o ensino presencial foi retomado, indicam que os surtos escolares são raros e tendem a ocorrer sobretudo por transmissão entre os profissionais adultos, em zonas onde a transmissão na comunidade é elevada, não parecendo ser a transmissão criança a criança nem adulto a criança relevante na propagação de surtos".

Ainda que defendendo a essencialidade de se manter a vigilância e monitorização da propagação da Covid-19, os pediatras consideram que "o mais importante continua a ser o comportamento responsável dos adultos, na escola mas também na comunidade, com cumprimento estrito das normas" de prevenção contra a doença. 

Do uso de máscaras às brincadeiras nos intervalos

Quanto ao uso de máscaras de proteção individual por crianças, as direções frisam que "a evidência sobre os potenciais benefícios" é ainda limitada. Contudo, de acordo com os mais recentes estudos, ao que tudo indica, as máscaras são "menos eficazes nas crianças mais jovens, possivelmente pela menor adaptação à face, menor tolerância e uso inapropriado".

"A idade em que se preconiza o uso de máscaras na escola terá de ter em conta os novos dados que estão a surgir na literatura. Assim, para que o ano escolar decorra sem necessidade de interrupções, deverão ser mantidas as medidas propostas que evitem o cruzamento desnecessário de grandes grupos de crianças mas, em cada grupo, dever-se-á assegurar normalidade nas relações entre crianças, não impondo medidas estritas que sejam impossíveis de cumprir, sobretudo pelas mais jovens", é defendido. 

Por fim, ainda na referida nota, é sublinhado que "é essencial que se retomem as brincadeiras nos intervalos das aulas e que estes tenham uma duração adequada". 

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