Sérgio Moro foi o juiz responsável pela investigação, julgamento e condenação de Lula da Silva no Brasil, tendo-o impedido de se candidatar às eleições presidenciais que deram a vitória a Jair Bolsonaro.
Agora, Sérgio Moro é também o ministro da Justiça, uma vez que aceitou o convite que o novo presidente lhe endereçou.
Para Miguel Sousa Tavares esta é uma situação que lhe “faz espécie”, pois “estabelece uma confusão entre dois poderes” e lança a “suspeita de falta de isenção em toda a atuação de Sérgio Moro, sobretudo em relação a Lula da Silva”.
E em Portugal? Seria possível um juiz vir a ser ministro da Justiça? “Nestes termos acredito que não”, diz Sousa Tavares que adianta que “se acontecesse nunca seria desta maneira”.
“Não estou a ver um juiz que tivesse tido um caso com um político nas mãos de repente saltar para o outro lado da barricada para se opor à linha política dessa pessoa que ele havia enviado para a prisão”, acrescenta, considerando que esta situação só “pode acontecer num país subdesenvolvido politicamente”.
Recorde-se que, no sábado, André Ventura - que está a criar o partido CHEGA - disse não ver qualquer conflito constitucional no facto de um juiz vir a ser ministro da Justiça.
Ao Notícias ao Minuto, Ventura garantiu que se fosse primeiro-ministro e se vier a ser primeiro-ministro que vai convidar o juiz Carlos Alexandre para ser seu ministro da Justiça.