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Crise de regimes europeus "não é uma crise do Estado"

A historiadora Raquel Varela defende que "a crise dos regimes políticos europeus atuais", que "se agravou depois de 2008", "não é uma crise do Estado", que aliás se fortaleceu ao ganhar influência sobre o tecido económico.

Crise de regimes europeus "não é uma crise do Estado"
Notícias ao Minuto

14:55 - 18/07/18 por Lusa

País Historiadora

A investigadora da Universidade Nova de Lisboa (UNL) faz esta afirmação na sua "Breve História da Europa. Da Grande Guerra aos Nossos Dias", que vai ser apresentada no próximo sábado às 18:30 na Biblioteca Operária Oeirense, em Oeiras, nos arredores de Lisboa.

Segundo a autora, "a crise dos regimes políticos europeus atuais, que se expressa, entre outros fatores, no quase constante aumento da abstenção eleitoral, na crise do bipartidarismo, crise que se agravou em 2008, não é uma crise do Estado".

"Pelo contrário, este fortaleceu-se no curto prazo, ganhando uma influência enorme sobre o tecido económico, com a salvação das instituições bancárias e financeiras", acrescenta a autora.

A historiadora antecipa as razões que levam à crise do Estado: "A crise não pode ser compreendida fora do âmbito do aumento de impostos concomitantemente com a perda de serviços e a sua qualidade -- o fim do 'modelo social europeu'. A médio prazo, este 'fim do modelo social' vai transformar-se numa crise do próprio Estado".

Raquel Varela, que coordena o Grupo de Estudos dos Trabalho e dos Conflitos Sociais, da UNL, questiona também o futuro da Europa, escrevendo que esta "foi e é capitalista, e está, embora de uma forma híbrida e nova, unida, em parte".

"Mas a Europa será, sem socialismo, no futuro? Isto é, resistirá à competição dos seus Estados e das empresas destes Estados num próximo choque cíclico, numa próxima crise?". Na sua opinião, "é altamente improvável".

A obra traça o percurso da Europa desde os antecedentes da Grande Guerra (1914-1918) até à primeira década do atual século, com um capítulo sobre "Imigração, Internacionalização e Solidariedade".

A historiadora, que é a vice-coordenadora da Rede de Estudos do Trabalho, do Movimento Operário e dos Movimentos Sociais em Portugal, pretende que esta obra "contribua para refletir, criticar e procurar alternativas civilizadas a um mundo em crise profunda".

"Um contributo modesto para o tamanho dos desafios colossais que temos pela frente, como europeus e como trabalhadores do mundo, uma classe hoje tão diversa e heterogénea, entre o trabalho manual e o intelectual, entre o centro e a periferia, atravessada por questões tão complexas como as diferenças de formação, a precariedade, as migrações, o género, as etnias, as línguas e as linguagens, o acesso à cultura tão desigual", mas com um denominador comum: "A classe-que-vive-do-trabalho".

A investigadora dos Instituto de História Contemporânea, da UNL, acredita que se encontre no passado "algumas respostas para estes desafios", mas adverte, que "a história não se repete. Mas ensina-nos. Muito".

"Do desconhecimento nada de bom pode brotar", remata.

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