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ILGA: É o ambiente escolar um local seguro para os jovens LGBTI+?

Estudo da iniciativa da ILGA Portugal indica que, "em muitas situações, as escolas não constituem de facto espaços seguros". Correspondem, aliás, a locais "onde atitudes e comentários negativos, insultos e experiências de assédio e mesmo violência ocorrem com demasiada frequência".

ILGA: É o ambiente escolar um local seguro para os jovens LGBTI+?
Notícias ao Minuto

22:21 - 20/06/18 por Melissa Lopes

País Estudo

A Associação ILGA Portugal - Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo lançou esta quarta-feira os resultados do estudo nacional sobre o ambiente escolar. A recolha de dados ocorreu no final do ano letivo 2016-2017 junto de 633 jovens LGBTI+ entre os 14 e os 20 anos de idade.

Os dados indicam que as escolas são, para muitos/as jovens LGBTI+, um ambiente de insegurança e desconforto, onde o insulto e outras atitudes negativas são frequentes. 36,8% sentem insegurança por causa da sua orientação sexual e 27,9% por causa da sua expressão de género.

Cerca de um quarto evita frequentar espaços como os balneários, casas de banho ou aulas de educação física, por insegurança ou desconforto (33,6%, 25,5% e 22,2%, respetivamente). Áreas como recintos desportivos (14,2%) ou a cantina ou o bar da escola (13,3%) são também evitadas. Pelo menos uma em cada seis (15,4%) faltou às aulas no último mês por sentir insegurança ou desconforto.

A maioria (61,1%) dos jovens que participaram no estudo ouviu comentários homofóbicos na escola de forma regular ou frequente. Para três quartos (75,1%) da amostra, esses comentários são feitos por colegas, mas para três quintos (62,0%) provém também de pessoal docente ou não docente, o que acontece de forma ocasional ou frequente para um quarto (28,5%) das respostas. Quase metade (45,9%) afirmou que esses comentários lhes causaram muito incómodo.

Mais de metade (55,6%) afirmou que, nas situações em que estavam presentes elementos do pessoal docente ou não docente, nenhum interveio. Quando se tratava de colegas, apenas em 17,3% dos casos intervieram, e mais de um terço (36,3%) nunca o fizeram.

No que concerne a situações de assédio e violência, dois terços (66,7%) afirmaram ter sido alvo de agressões verbais por causa de características pessoais, a maioria por causa da sua expressão de género (66,6%), da sua orientação sexual (55,0%) e um quarto (25,7%) por causa da sua identidade de género; cerca de um/a em cada seis (17,9%) estudantes LGBTI+ sofreu assédio físico (ex: abanões ou empurrões) por causa de alguma característica pessoal: em 17,9% por das situações por causa da sua expressão de género, em 13,5% por causa da sua orientação sexual e em 7% por causa da sua identidade de género.

7,7% da amostra foi vítima de agressões físicas (murros, pontapés ou agressão com objetos ou armas) por causa de características pessoais: 7,7% das situações por causa da sua expressão de género, 7,4% por causa da sua orientação sexual e 4,4% por causa da sua identidade de género.

No que diz respeito a denúncias, apenas um/a em cada três estudantes (31,9%) denunciou pelo menos uma vez estas situações ao pessoal docente e não docente da escola, e apenas um/a em cada dez (11,3%) o faz regularmente; apenas um terço (30,4%) de quem já denunciou considera que o pessoal docente e não docente da escola respondeu de forma eficaz às situações;  apenas um terço (36,3%) afirmou alguma vez ter denunciado a situação à família, e em dois quintos (40,6%) destes casos a família nunca abordou o assunto com a escola.

Em conclusão, a ILGA refere que "parece existir uma relação entre o apoio efetivo ou sentido por parte da comunidade escolar (através de atitudes face à discriminação, linguagem, recursos e políticas educativas), e as experiências de discriminação, sentimento de pertença e absentismo de estudantes LGBTI+". 

De um modo geral, as experiências partilhadas por 663 jovens que se auto-identificam como LGBTI+ indicam que "quanto mais inclusiva e aberta à diversidade for a escola, menor parece ser a prevalência da discriminação, assim como o seu impacto, o que parece evidenciar a necessidade de investir em mais recursos, mais formação especializada, mais sensibilização e mais capacitação de jovens e pessoal docente e não docente contra a discriminação em função da orientação sexual, identidade ou expressão de género e características sexuais", conclui, por fim a ILGA. 

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