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Diana Quer: O relato do rapto frustrado de 'Beatriz'. "A heroína é ela"

Dois homens ajudaram ao salvamento de 'Beatriz', a mulher que escapou ao raptor de Diana Quer, em dezembro, e que permitiu a sua captura. Agora, contam a história à imprensa espanhola.

Diana Quer: O relato do rapto frustrado de 'Beatriz'. "A heroína é ela"
Notícias ao Minuto

17:46 - 04/01/18 por Anabela de Sousa Dantas

Mundo Espanha

A tentativa frustrada de raptar uma mulher de 28 anos permitiu às autoridades reencontrar o rasto perdido do homem que raptou (e matou) Diana Quer, em 2016, na Corunha. José Enrique Albuín Gey, conhecido como ‘El Chicle’, foi detido no final de dezembro passado, depois de, no dia 25 do mesmo mês, ter tentado raptar ‘Beatriz’ (nome fictício) sem sucesso.

A história foi agora contada pelos dois homens que a salvaram, ao El Español, e que naquela noite de Natal acudiram aos gritos de ‘Beatriz’. Eram 22h00 quando a espanhola passava na interseção entre duas ruas pouco movimentadas de Boiro, na Corunha. Caminhava sozinha para se encontrar com amigos, e ia mexendo no telemóvel. Na interseção, que tem uma pequena praça, com pouca visibilidade, estava estacionado um Alfa Romeo cinzento com o condutor de pé, encostado ao veículo.

“Começou a chamar-me por um nome que não era meu”, cita 'Pedro' (nome fictício), da história que ‘Beatriz’ lhes contou. Sublinhe-se que 'Beatriz' aparenta ter menos 10 anos de idade, segundo as autoridades, ou seja, a idade que Diana Quer tinha na altura do rapto.

“Carla, és tu a Carla”, disse ‘El Chicle’. A mulher respondeu que não mas ele insistiu. “És sim, caramba. Anda, isto é uma brincadeira do teu namorado”, afirmou o raptor, num engodo que já utilizara antes, com outras mulheres, de acordo com a Guardia Civil.

Foi nesta altura que avançou sobre ela para a colocar na mala do carro. ‘Beatriz’ tentou resistir, deixando as pernas fora da bagageira, e gritou por socorro a plenos pulmões. Foi nessa altura que apareceram ‘Pedro’ e ‘Adolfo’ (nomes fictícios), os dois homens que a salvaram.

Os dois descrevem como viram “a bagageira aberta e o homem a lutar com ela, que tinha já quase todo o corpo no interior, exceto as pernas”, recorda ‘Pedro’. “Venham aqui, rapazes, ajudem-me, por favor!”, terá gritado a jovem.

‘Pedro’ contou que estava a caminhar com o amigo e que os gritos de ‘Beatriz’ se ouviam a 60 metros do local e que, assim que a viram, “foi tudo muito rápido”.

“No meio da luta ela viu-nos e disse: ‘Venham aqui, ajudem-me, por favor’. Demos cinco ou seis passos mais rápido e aproximamo-nos para a ajudar. Ela alertou-nos: ‘Olhem que ele tem uma faca’”

Assim que se apercebeu de que não estava sozinho, o raptor largou a mulher, fechou o porta-bagagens, meteu-se no carro e fugiu. “Ele largou-a e ela correu para nós. Ele ficou a olhar-nos fixamente. Nós também olhamos para ele. Nunca vou esquecer aquela cara. Foram momentos eternos”, afirmou o espanhol.

Conseguiram fixar as últimas letras da matrícula antes de ‘El Chicle’ fugir do local. Levaram ‘Beatriz’ para um bar que ficava perto e chamaram a polícia. O dono do bar relatou, à mesma publicação, o momento em que os três chegaram.

“Ela chorava, chorava. Enquanto isso eles chamaram a Guardia Civil e a ambulância. Chegaram em cinco minutos”

‘Pedro’ indicou à publicação que falou com ‘Beatriz’ no dia a seguir, dia 26 de dezembro, e que a mulher lhe contou o sucedido com mais precisão.

“Ela contou-me com mais calma o que aconteceu. (…) A primeira coisa que lhe pediu foi o telemóvel. ‘Dá-me o telemóvel, dá-me o telemóvel, tens que me dar o telemóvel’. O tipo pensava nisso, sabia que estava a ser procurado e pedia o telemóvel. Agora que olhamos para as coisas a frio, com outra perspetiva, era porque sabia [da evolução do caso] de Diana Quer”

‘Beatriz’, durante a luta, não só não deu o telemóvel como, por acidente, ainda gravou alguns segundos de áudio, onde se ouvia a voz de ‘El Chicle’. “Ela chegou a estar quase toda dentro da bagageira mas não lhe deu o telemóvel”, indicou ‘Pedro’.

Enrique Abuín Gey, ‘El Chicle’, de 41 anos de idade, foi detido poucos dias depois, após identificação por parte dos dois homens e de ‘Beatriz’. Confessou ter assassinado Diana Quer, desaparecida desde agosto de 2016, e confessou que tentou violar a jovem madrilena, que esta resistiu e acabou por estrangulá-la, deitando o corpo num poço industrial.

“Mas o mérito é da menina porque aguentou e resistiu como ninguém. Ela é a heroína aqui”, terminou ‘Pedro’.

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