Xi Jinping, o "Chefe de Tudo" na China que quer também mandar no mundo

O Presidente chinês, Xi Jinping, é hoje uma figura omnipresente na China, após a sua eleição este ano para um segundo mandato, enquanto se projeta além-fronteiras como um estadista responsável, num período de incerteza internacional.

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Lusa
13/12/2017 09:17 ‧ 13/12/2017 por Lusa

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Internamente, Xi desmantelou o sistema de "liderança coletiva", cimentado pelos líderes chineses desde finais dos anos 1970, e tornou-se o centro da política chinesa, eclipsando os outros seis membros do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC).

O seu nome e teoria foram integrados na constituição do partido, elevando-o ao estatuto de Deng Xiaoping, o arquiteto-chefe das reformas económicas que transformaram a China, e do fundador da República Popular, Mao Zedong.

Com uma intensidade inédita desde o 'reinado' de Mao, a imprensa chinesa reforçou também o culto em torno da sua imagem.

Num artigo recente, a agência oficial Xinhua contou como um tradutor russo ficou tão absorvido na leitura de um discurso de Xi, que se esqueceu de almoçar e jantar. No mês passado, uma edição do noticiário da televisão estatal CCTV abriu com quatro minutos de aplausos ininterruptos a Xi.

O presidente chinês é, de resto, considerado por vários analistas internacionais o "COE" da China: "Chairman of Everything" ("Chefe de Tudo").

Além de secretário-geral do PCC e Presidente da China, Xi é também presidente da Comissão Militar Central, Comandante-Chefe do exército chinês e chefia a Comissão Central de Segurança Nacional e o "grupo dirigente" encarregue de supervisionar o programa de "aprofundamento geral das reformas". Um outro organismo novo, responsável pela "segurança do ciberespaço", é também dirigido por Xi.

Em termos de política externa, a China de Xi abdicou da discrição e passou a assumir a ambição de participar na governação de questões globais, num período em que a liderança de Donald Trump, nos Estados Unidos, ou o 'Brexit', na União Europeia, colocam em causa certezas antigas.

"A nação chinesa ergueu-se, enriqueceu-se e tornou-se forte, e abraça agora as perspetivas brilhantes do rejuvenescimento", afirmou Xi, na abertura do XIX Congresso do PCC, em outubro passado, anunciando "uma era em que a China se aproximará do palco central" no mundo.

A "solução chinesa" oferecida por Xi materializa-se no seu projeto maior: a "Nova Rota da Seda", um gigantesco plano de infraestruturas avaliado em 900 mil milhões de dólares e que abrange 65 países - 70% da humanidade -, visando reativar as antigas vias comerciais entre a China e a Europa através da Ásia Central, África e sudeste Asiático.

Depois de Trump ser eleito com uma agenda isolacionista, foi mesmo o secretário-geral do maior partido comunista do mundo a assumir a defesa da globalização, numa inédita intervenção no Fórum Económico Mundial de Davos.

"Devemos continuar empenhados no desenvolvimento global do comércio livre e do investimento", afirmou.

"Adotar o protecionismo é como uma pessoa fechar-se num quarto escuro. O vento e a chuva ficarão lá fora, mas o quarto escuro bloqueará também a luz e o ar", acrescentou.

Mas apesar da retórica globalista, sob a sua direção, a China tem combatido a influência estrangeira na sociedade civil, meios académicos ou Internet, apontam organizações de defesa dos Direitos Humanos.

E entre uma sociedade cada vez mais próspera e instruída, o regresso a um poder mais centralizado e autoritário não será bem aceite.

"Há muita gente que diz: 'não precisamos de um Imperador vermelho' ou não 'queremos um novo Mao'", comenta à agência Lusa um professor universitário chinês. "Quando já se avançou tanto, é difícil de voltar atrás", diz.

 

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