Fama, violência e mistério. O assassinato de Versace foi há 20 anos

No espaço de três meses, Andrew P. Cunanan (à esquerda na imagem) matou cinco homens e tornou-se a pessoa mais procurada nos Estados Unidos. Foi encontrado já morto, num barco que lhe servia de casa. Junto ao corpo estava a arma com que cometeu suicídio, a mesma que usou para assassinar o estilista italiano Gianni Versace (à direita na imagem). Foi há 20 anos.

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Pedro Filipe Pina
15/07/2017 08:40 ‧ 15/07/2017 por Pedro Filipe Pina

Mundo

Crime

Na manhã de 15 de julho de 1997, Gianni Versace saiu da sua mansão em Miami Beach, na Florida, para um passeio, um café e para comprar revistas. Naquele dia tinha ainda um jogo de ténis marcado para mais tarde com um amigo. Mas quando estava prestes a entrar em casa, um homem surgiu e assassinou-o com dois tiros.

O responsável pela morte da figura que marcou de forma indelével a indústria da moda foi Andrew Cunanan, um filipino-americano de 27 anos, com um QI elevado, cadastro por pequenos delitos, homossexual assumido e que, apesar de origens humildes, se habituou a um vida de luxos sustentada por homens mais velhos com quem mantinha relações.

Oito dias depois do homicídio, o corpo de Cunanan foi encontrado numa poça de sangue num barco atracado que lhe servia de casa. Junto ao corpo estava uma arma. Era a mesma arma que Cunanan usara para matar Versace. A mesma que usou para tirar a sua própria vida. Nenhuma carta de suicídio foi deixada. Mas este desfecho violento tinha tido o seu início cerca de três meses antes, a quase dois mil quilómetros de distância, em Minneapolis.

De homicida a serial-killer

A 27 de abril de 1997, Cunanan matou Jeffrey Trail, um antigo oficial da marinha com quem privara. O homicida usou um martelo e escondeu depois o corpo no armário do arquiteto David Madson, um antigo amante seu, como recorda a ABC News.

Baleado mortalmente, David Madson tornar-se-ia a segunda vítima de Andrew Cunanan, que se preparava para passar de homicida a serial-killer.

Uma semana depois, a 4 de maio daquele ano, Cunanan estava já em Chicago onde faria, de forma brutal, a sua terceira vítima. O corpo do magnata Lee Miglin, de 72 anos, foi encontrado com as mãos e pés atados, com a cabeça coberta, a garganta degolada e dezenas de ferimentos resultantes de golpes dados com uma chave de fendas.

À terceira morte, o nome e rosto de Cunanan chegavam à lista dos Dez Mais Procurados pelo FBI. Mas cinco dias após a terceira morte, o serial-killer fazia uma quarta vítima, um funcionário de um cemitério em Nova Jersey: William Reese, de 45 anos.

As autoridades encontraram por perto o carro que pertencera a Miglin. Já a carrinha pick-up vermelha de William Reese desaparecera. Só seria encontrada quase dois meses depois. Foi abandonada em Miami Beach, junto à casa de Versace.

Na altura em que matou Versace, Cunanan estava já no radar das autoridades, mas continuava a escapar. Até que a morte do estilista levou mais agentes às ruas.

Cerca de mil, no país inteiro, estavam cada vez mais atentos a qualquer passo em falso do serial-killer. "Isso obrigou-o a mudar o padrão", explicou na altura William J. Esposito, do FBI, citado pelo New York Times. O cerco apertava-se, o que poderá ter precipitado o desfecho.

O mistério que fica

Ao longo da sua carreira, Versace vestiu e privou com gente da nobreza europeia às estrelas da música, passando por figuras de Hollywood.

Meses depois da morte de Versace, Elton John lançaria o álbum ‘The Big Picture’, que dedicou ao estilista e amigo pessoal.

O corpo do estilista foi cremado e as cinzas levadas para Itália. O império de moda continuou na família Versace.

Vinte anos depois da morte de Gianni Versace, são muitas as dúvidas que ainda persistem sobre o que terá levado a este trágico desfecho. Entre vinganças e homicídios que terão resultado de um momento de oportunidade, muito se especulou sobre o que levou o serial-killer nesta viagem de violência e morte.

Depois de uma primeira temporada em torno do caso OJ Simpson, a premiada série ‘American Crime Story’ irá dedicar a sua próxima temporada precisamente a Andrew Cunanan.

Entretanto, sobram ainda perguntas sobre o que levou Cunanan a uma série de homicídios brutais, que culminou no seu suicídio. Talvez as palavras que Richard Barreto, chefe da polícia de Miami Beach na altura, disse há 20 anos à CNN tenham sido proféticas: “Não sei se alguma vez iremos saber as respostas”.

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