Durante vários anos, o professor de ciência política da universidade London School of Economics Patrick Dunleavy insistiu que o domínio centenário dos "tories" e do "labour" tinha sido substituído pelo multipartidarismo.
A explosão do grupo parlamentar dos Liberais Democratas em 2010 e o crescendo do UKIP nas eleições locais e europeias sustentou esta evolução.
Tony Travers, académico da LSE especialista em governação local, ilustrou: em 1966, 97% dos votos estavam concentrados nos partidos Conservador e Trabalhista, que em 2015 já só atraíam 66% dos votos.
Mas as sondagens para eleições antecipadas de quinta-feira refletem um eleitorado dividido sobretudo entre os dois partidos com maior representação parlamentar.
"O declínio do sistema de dois partidos parece ter parado graças ao suicídio voluntário dos Liberais Democratas e do UKIP", comentou Dunleavy, num encontro com jornalistas estrangeiros.
A reação negativa à coligação com os Conservadores dizimou o número de deputados Liberais de 57 em 2010 para 08 em 2015, confiança que ainda não recuperaram.
O UKIP confronta-se com uma crise interna por não ter planeado o pós-referendo ao Brexit e a saída do antigo líder Nigel Farage, tendo perdido 114 dos 115 vereadores nas eleições locais de maio.
"Os Conservadores tornaram-se numa força hegemónica", comentava Dunleavy, perante a vantagem do partido de Theresa May, que chegou a rondar os 20%.
Na última semana, a diferença entre os dois partidos encolheu, mas não devido à popularidade dos partidos mais pequenos, que se mantém reduzida.
O site Britain Elects, que faz uma ponderação das diferentes sondagens tornadas públicas, somavam a meio da semana passada um total de 80% das intenções de voto.