"Disse que se fosse [considerado] culpado não seria candidato, mas a condição era que as circunstâncias dessa culpa fossem normais", disse Fillon, num entrevista à radio Europe 1.
O candidato acrescentou: "a partir do momento em que me deparo com uma instrumentalização, não vou submeter-me a ordens dos que instrumentalizam a justiça, privando a direita e o centro do candidato que carrega as suas esperanças e valores".
Fillon deve comparecer dentro de dois dias perante os juízes encarregados da investigação aos empregos alegadamente fictícios que atribuiu, com dinheiro público, à sua mulher e a dois dos seus filhos. Como o próprio anunciou, é provável que o acusem formalmente, em particular de apropriação indevida de fundos públicos.
Depois de uma investigação preliminar aberta em 25 de janeiro, a procuradoria decidiu avançar com este inquérito judicial sobre a obtenção de alegados falsos empregos no parlamento por parte de Fillon para a sua mulher e dois filhos.
Hoje, Fillon sugeriu que por detrás de todo o caso está o "sistema" que o quer obrigar a renunciar, afirmando que tal é motivado pelo seu programa económico.
"É devido às minhas posições económicas, devido às posições conservadoras que adotei sobre várias questões sociais", questionou-se.
O candidato insistiu na ideia de que os franceses podem verificar que, nestas eleições, ele é "alvo de todos os ataques".
Numa alusão à notícia de que terá recebido fatos por medida no valor de 48.500 euros, queixou-se que de uma crescente "intrusão" na sua vida privada.
Sobre a convocatória judicial admitiu que não irá "com gosto" e insistiu na ideia de que, desde o início, não é tratado "como qualquer outro litigante". "Vão interrogar-me dois dias antes do fim do prazo para as declarações de candidatura para as presidenciais".
"Não acuso ninguém. Digo que tudo isto conduz a uma precipitação que não é normal", afirmou.
Fillon foi uma das candidaturas presidenciais mais fortes, mas perdeu força depois de estes cassos serem conhecidos.