A Carta das Nações Unidas descreve o secretário-geral como o "administrador executivo" (CEO) da organização, a quem se pede que atue enquanto tal, assim como lhe são atribuídas "outras funções que lhe são confiadas pelo Conselho de Segurança, pela Assembleia-geral, pelo Conselho Económico e Social e outros órgãos" da ONU, acrescenta a organização do seu portal na Internet.

A Carta dá ainda poder ao secretário-geral para "chamar a atenção do Conselho de Segurança para quaisquer assuntos que, no seu entender, possam ameaçar a manutenção da paz e segurança internacionais".

Estas orientações dão ao secretário-geral da ONU uma grande margem de atuação. "Cada secretário-geral define o seu papel dentro do contexto do seu período particular em funções", refere a página da ONU.

O secretário-geral "fracassará, se não tomar em consideração as preocupações dos Estados membros", mas ele é também o depositário dos "valores e da autoridade moral das Nações Unidas", pelo que o secretário-geral deve "falar e atuar em nome da paz, mesmo com o risco de, periodicamente, desafiar ou discordar dos mesmos Estados membros", sublinha a organização.

"Esta tensão criativa acompanha o secretário-geral no seu dia-a-dia", escreve ainda a ONU no seu 'site'.

O gabinete do secretário-geral produz anualmente um relatório sobre o trabalho das Nações Unidas, dando conta das atividades desenvolvidas pela organização e as prioridades futuras.

O secretário-geral das Nações Unidas é ainda o presidente do Conselho de Coordenação dos Administradores Executivos do Sistema das Nações Unidas (CEB, na sigla em inglês), que duas vezes por ano junta os líderes de todos os fundos, programas e agências especializadas da organização para a definição das políticas e ações a que se dedica todo o sistema das Nações Unidas.

"Um dos mais importantes papéis do secretário-geral é o uso dos seus 'bons ofícios', publicamente ou em privado, assentes na sua independência, imparcialidade e integridade, para impedir o surgimento, escalada ou propagação de disputas internacionais", sublinha o 'site' da organização.

O Conselho de Segurança da ONU confirmou hoje, por aclamação, a recomendação de António Guterres para secretário-geral das Nações Unidas, mas caberá à Assembleia Geral da organização formalizar a decisão final, por maioria simples de votos.

O secretário-geral que está de saída, o sul-coreano Ban Ki-moon, foi o único indicado pelo Conselho de Segurança em 2006 e em 2011, sendo escolhido, em ambas as ocasiões, por aclamação dos 193 Estados-membros na Assembleia Geral.

No caso de Ban Ki-moon, a sessão de votação da Assembleia Geral decorreu quatro a cinco dias depois da indicação formal do nome do candidato pelo Conselho de Segurança.

António Guterres deverá entrar em funções como secretário-geral da ONU em 01 de janeiro de 2017.