"O Governo nacional derrotou, outra vez, um golpe de Estado. Estou convencido disso", disse Evo Morales, numa conferência de imprensa, na cidade de Cochabamba, no centro do país, referindo-se aos confrontos desta semana.
Muitos mineiros foram coagidos a participar nos protestos por líderes sindicais, sustentou o Presidente boliviano, indicando estar em curso uma investigação às manifestações e consequentes episódios de violência.
Os mineiros que estavam em protesto, que degenerou em violência com o bloqueio de estradas, sequestraram e espancaram até à morte o vice-ministro do Interior, Rodolfo Illanes, 56 anos, em Panduro, a 180 quilómetros da capital, La Paz, que deslocou àquela localidade na quinta-feira na tentativa de abrir uma janela de diálogo com os manifestantes que exigiam mais concessões de minas, o direito a trabalhar para empresas privadas e uma maior representação sindical.
Os confrontos com a polícia também resultaram na morte de três mineiros.
Em conferência de imprensa, na capital, o ministro do Interior, Carlos Romero, também se referiu à hipótese de conspiração avançada por Evo Morales.
"Este era um movimento altamente conspirativo, um movimento político e um movimento direcionado a pelo menos desestabilizar o Governo", considerou.
O mesmo responsável sustentou, a este respeito, que "nas comunicações entre os cooperativistas falava-se de derrube do Governo".
Segundo Romero, os mineiros planearam durante muitos meses os protestos com uma "estratégia militar", algo que se deduz atendendo à descoberta de vários depósitos de explosivos.
"Havia um arsenal impressionante de dinamite, explosivos, de substâncias que visavam causar feridos e mortos", acrescentou.
O ministro disse ainda que daqui em diante não irá facultar mais informações sobre o assunto, de modo a que sejam as investigações da Procuradoria-Geral a "falar por si só".
Três mineiros, entre os quais o líder da Federação Nacional de Cooperativas Mineiras (Fencomin), foram entretanto formalmente acusados da morte do vice-ministro boliviano.