"Um dia de greve de fome por cada ano de Eduardo dos Santos no poder"
O ativista Rafael Marques disse hoje que a ação de Luaty Beirão é um "feito histórico" que despertou consciências sobre Angola cumprindo um dia de greve de fome por cada ano do Presidente José Eduardo dos Santos no poder.

© Reuters

Mundo Rafael Marques
"O Luaty, rebelde como sempre, terminou os 36 dias que significam também os 36 anos de poder do Presidente da República. É simbólico e é também uma declaração, uma prova de resistência do Luaty. Foi um dia de greve por cada ano no poder do Presidente José Eduardo dos Santos", disse à Lusa o autor do livro "Diamantes de Sangue".
Para Rafael Marques, que visitou na semana passada os 15 acusados de prepararem um golpe de Estado, o fim do protesto é uma notícia que deve "alegrar todos" considerando que a greve de fome de Luaty Beirão foi "um feito histórico que fica para os anais da História angolana".
"Não há aqui vitórias nem derrotas porque o importante aqui foi o despertar para a realidade e para as injustiças que nós passamos e também fazer compreender ao Presidente José Eduardo dos Santos, e ao seu regime, que o mundo mudou e a opinião que o mundo hoje tem sobre o regime já é completamente diferente e, por isso, ou dialoga com a sociedade e encontra saídas ou continuará a ser isolado na cena internacional", afirmou Rafael Marques.
O ativista angolano Luaty Beirão, internado sob detenção numa clínica de Luanda, terminou hoje a greve de fome de protesto, mas avisou que não vai desistir de lutar pelo fim da "greve humanitária e de Justiça" em Angola.
"Estou inocente do que nos acusam e assumo o fim da minha greve. Sem resposta quanto ao meu pedido para aguardamos o julgamento em liberdade, só posso esperar que os responsáveis do nosso país também parem a sua greve humanitária e de justiça", afirmou Luaty Beirão, na carta enviada pela família à Lusa e na qual anuncia o fim da greve de fome, que na segunda-feira completou 36 dias.
Para Rafael Marques, os jovens, considerados presos de consciência pela Amnistia Internacional, devem ser "imediatamente" libertados.
"Eles estão presos de forma injusta e por acusações ridículas e o apelo deve continuar no sentido de eles serem libertados imediatamente. O presidente José Eduardo dos Santos não pode continuar a usar o sistema judicial para amedrontar as pessoas, para aterrorizar os cidadãos de bem", acrescentou, referindo-se ao julgamento dos jovens, cujo início está marcado para o dia 16 de novembro.
"É o Presidente quem dá instruções diretas ao Procurador-Geral da República, logo a prisão destes jovens é uma instrução direta do Presidente da República a quem cabe agora dar instruções diretas para que o Ministério Público retire as acusações ridículas contra estes jovens", sublinhou o ativista, que apelou também ao fim do "clima de intimidação" no país.
"É importante fazer o apelo porque estão a verificar-se movimentos militares estranhos e que estão a preocupar as populações e está-se a criar um clima para atemorizar as pessoas e nós temos de acabar com esta cultura do medo e os abusos de poder", concluiu Rafael Marques, que se encontra em Lisboa.
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