Em março de 1942, o alemão Franz Wunsch e a Helena Citrónová estavam no mesmo local - um campo de extermínio subjacente a Auschwitz - com dois propósitos muito diferentes: ele, militar das SS nazis, destinava-se a matar; ela, judia, estava destina à morte. Foi então que algo inesperado aconteceu.
No dia em que se comemorava o aniversário de Franz Wunsch, os militares procuraram encontrar alguém para cantar entre as mulheres ali detidas. Helena sabia cantar em alemão, tendo sido pressionada a fazê-lo.
Wunsch gostou do que viu e ouviu e pediu que Helena voltasse no dia seguinte para trabalhar na recolha de pertences dos prisoneiros. Atividade que lhe garantiu a vida durante mais tempo.
O militar tratava-a com respeito, arranjava desculpas para vê-la, mandou-lhe bolachas, botas quentes e bilhetes onde confessou o seu amor. Por várias vezes evitou que fosse morta, mas quando a judia rejeitou os seus avanços, este ameaçou-a de pistola em punho.
“Pensei que preferia morrer a estar com um homem das SS”, disse Helena ao historiador. Tudo mudou quando Wunsch conseguiu impedir a morte da sua irmã, apesar de não ter sido capaz de salvar os seus sobrinhos, também enviados para as câmaras de gás.
Ao salvar a irmã, Wunsch acabou por conquistar Helena. “Houve momentos em que me esqueci de que eu era uma judia e ele não era judeu. Honestamente, no fim, amei-o.”
O amor entre os dois cresceu em pequenos gestos e palavras e acabou por ser descoberto. Ambos foram interrogados e negaram a relação. Foram libertados, ainda que impedidos de falar um com o outro.
Wunsch foi mais tarde transferido para a frente de combate e as judias conseguiram sair do campo em 1945. Terminada a guerra, Helena e a irmã testemunharam a favor do militar nazi em tribunal.