Família de Pablo Escobar foi exilada através de Moçambique

A biografia de Pablo Escobar revela que a família do narcotraficante apenas conseguiu sair da Colômbia em 1996 depois da intervenção de uma "condessa" francesa que "representava" o Estado moçambicano.

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Lusa
13/04/2015 16:39 ‧ 13/04/2015 por Lusa

Mundo

Narcotraficante

Pablo Escobar, um dos maiores narcotraficantes do século XX, morreu aos 44 anos durante um tiroteio com as autoridades colombianas em Medellin, deixando a família sem dinheiro e com problemas para abandonar o país.

"Em fevereiro de 1996, conhecemos Isabel, uma loura alta, francesa, dos seus 65 anos, vestida de preto e com um extravagante chapéu de plumas de avestruz. Fazia-se acompanhar por dois homens de origem africana, de fato e gravata, que diziam residir em Nova Iorque e representar a República de Moçambique", escreveu Juan Pablo Escobar, na biografia sobre o pai, que foi lançada este mês em Portugal.

De acordo com o filho do narcotraficante, os moçambicanos tinham ouvido os pedidos da família Escobar nos noticiários da televisão e afirmavam que "o Presidente de Moçambique queria ajudar e oferecer ajuda para uma nova vida".

"A condessa era a intermediária e disse ter uma fundação por intermédio da qual procurava ajuda para os países mais pobres. Acrescentou que, se estivéssemos dispostos a colaborar nessa causa, podia usar as suas influências para que esse país nos recebesse. Estávamos felizes", explicou Juan Pablo Escobar, que queria abandonar a Colômbia na companhia da mãe e da irmã.

Aquilo que a família Escobar não sabia era que o suposto chefe de Estado "não passava de um candidato à presidência" - que o livro não identifica - mas que conseguiu os passaportes e autorização para viajar para Maputo em dezembro de 1996.

"Em Moçambique, a lei era imposta pelos Capacetes Azuis e população sofria de uma das piores fomes de sempre" afirmou Juan Pablo Escobar, recordando também as negociações de paz para pôr fim à guerra civil que se prolongava desde 1976 e que já tinha feito perto de um milhão de mortos.

Segundo o livro, os intermediários acabaram por cobrar uma quantia considerável em dólares norte-americanos, que a família pagou por se tratar da única forma de abandonar a Colômbia.

"Só sabíamos que, para nós, essa oferta representava a liberdade", recordou, acrescentando que acabaram por desembarcar numa realidade que acabou por ultrapassar tudo o que pensavam.

"Até Joanesburgo, na África do Sul, a viagem foi de luxo, mas depois, para Maputo, as condições de higiene, os cheiros e o desconforto eram um aviso daquilo que nos esperava", referiu, sobre o primeiro contacto com a capital moçambicana.

"Chegámos àquele que seria o nosso novo lar, no bairro dos diplomatas. Era uma casa simples, com quatro quartos e uma grande sala de jantar, mas o fedor a esgotos era insuportável", escreveu.

Com as bagagens perdidas e a falta de condições, Escobar queixou-se também da situação académica porque, escreveu, "não existiam salas de aulas, anfiteatros, bibliotecas e muito menos cursos de publicidade design industrial".

"As horas passavam e ficava mais deprimido a cada minuto", declarou.

"Num momento de desespero total, a minha mãe entrou no meu quarto e eu já estava de correia na mão: 'se não saímos daqui enforco-me com isto. Mãe, prefiro que me matem na Colômbia porque não quero isto. Aqui sinto-me a morrer'", confessou o filho do narcotraficante.

A família acabou por conseguir abandonar Moçambique poucos dias depois rumo ao Brasil e em trânsito para a Argentina, onde acabou por exilar-se.

O livro "Pablo Escobar -- O meu pai -- A radiografia íntima do narcotraficante mais famoso de todos os tempos", (Editora Planeta, 411 páginas) inclui fotografias inéditas e foi lançado este mês em Portugal.

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