"Há um grande esforço". Hamas "está a trabalhar para implementar acordo"

O grupo islamita palestiniano Hamas revelou estar comprometido com cada um dos detalhes do acordo de cessar-fogo assinado com Israel. No entanto, referiu estar a ter "dificuldades enormes" na recuperação dos corpos de reféns que se encontram na Faixa de Gaza.

Hazem Qassem, porta-voz do Hamas, disse, durante uma entrevista à Sky News, que recuperar e identificar os corpos dos reféns israelitas exige um equipamento especializado e que já não existe no enclave. Deu ainda conta de que alguns corpos foram "evaporaram-se" durante os ataques de Israel.

O palestiniano referiu ainda que a questão do desarmamento - tema amplamente discutido por Israel e pelos Estados Unidos - é "complexa e sensível" com uma necessidade de evitar um "vácuo de segurança extremamente perigoso".

Já sobre o Hamas estar a ser acusado de estar a violar o acordo de cessar-fogo, Hazem Qassem negou que o estejam a fazer. No entanto, ressalvou que encontrar os restos mortais dos reféns com o equipamento que dispõem é impossível. 

"Precisamos de máquinas pesadas, guindastes e equipamentos especializados para identificar os restos mortais e não há nenhum desses em Gaza. O nosso equipamento pesado foi destruído, assim como todos os laboratórios forenses", disse.

E acrescentou: "Precisamos de equipas técnicas capazes de identificar os corpos e que consigam lidar com os escombros. Os mediadores entendem isso". 

O porta-voz do Hamas salientou que "há grandes dificuldades em localizar os corpos e chegar a certos locais devido à destruição e à mudança da geografia daquelas áreas". "Tudo isso exige mais tempo e esforço".

"Há um grande esforço e o Hamas está a trabalhar para implementar integralmente o acordo", notou, acrescentando que as dificuldades foram expostas aos mediadores "desde início" e que eles "entenderam". 

Disse ainda que o grupo islamita ouviu o presidente norte-americano, Donald Trump, "reconhecer a dificuldade desta questão", ao dizer que o Hamas demonstrou "uma intenção genuína de devolver os corpos". 

De recordar que, até à data, o Hamas já libertou os 20 reféns ainda vivos e que eram mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza desde o dia 7 de outubro de 2023. Também já entregou 10 corpos (de 28), sendo que um foi identificado como sendo um palestiniano.

Hamas culpa Israel por atrasos na entrega dos corpos

De recordar que o Hamas responsabilizou, na quinta-feira, o governo de Benjamin Netanyahu pelos atrasos na entrega dos corpos dos reféns israelitas mortos em Gaza, que ainda não foram devolvidos a Israel.  

A organização palestiniana argumentou, em comunicado difundido nas suas redes sociais, que a devolução dos corpos demorará, uma vez que alguns ficaram enterrados em túneis "destruídos pela ocupação", enquanto outros ainda se encontram debaixo dos escombros de edifícios bombardeados e demolidos.  

"Se não se desarmarem..."

O presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou, na passada terça-feira, o grupo islamita Hamas que, se não se desarmar por sua iniciativa, será desarmado de "forma rápida e talvez violenta" na Faixa de Gaza.

"Se eles não se desarmarem, nós desarmamo-los", avisou o líder norte-americano em declarações aos jornalistas na Casa Branca, sem fornecer mais detalhes nem prazos, referindo-se apenas a um período "razoável".

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