O presidente francês, Emmanuel Macron, agradeceu esta sexta-feira ao seu homólogo norte-americano, Donald Trump, pelo seu "compromisso com a paz" após o grupo islamita palestiniano Hamas ter manifestado "disponibilidade" para aceitar um plano de paz para Gaza proposto pelo republicano.
"A libertação de todos os reféns e um cessar-fogo em Gaza estão ao nosso alcance! O compromisso do Hamas deve ser cumprido sem demora", começou por referir o presidente francês na rede social X, destacando que há agora "oportunidade de fazer progressos decisivos no sentido da paz".
Macron frisou ainda que "França desempenhará plenamente o seu papel, em consonância com os seus esforços nas Nações Unidas, ao lado dos Estados Unidos, israelitas e palestinianos, e de todos os seus parceiros internacionais".
"Gostaria de agradecer presidente Donald Trump e à sua equipa pelo seu compromisso com a paz", acrescentou.
The release of all hostages and a ceasefire in Gaza are within reach!
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) October 3, 2025
Hamas' commitment must be followed up without delay.
We now have the opportunity to make decisive progress towards peace.
France will play its full part…
Sublinhe-se que o Hamas manifestou "disponibilidade" para aceitar alguns pontos do plano do presidente norte-americano para Gaza, incluindo a libertação dos restantes reféns - vivos ou mortos.
Num comunicado, citado pela Al Jazeera, o Hamas manifestou a "sua disponibilidade para entrar imediatamente em negociações através de mediadores para discutir os detalhes" do acordo.
O grupo islamita disse ainda concordar em entregar a administração de Gaza a um organismo independente de tecnocratas palestinianos, "com base no consenso nacional palestiniano e no apoio árabe e islâmico".
"Outras questões mencionadas na proposta do presidente Trump sobre o futuro da Faixa de Gaza e os direitos legítimos do povo palestiniano estão relacionadas com uma posição nacional unificada e com as leis e resoluções internacionais relevantes", acrescentou, frisando que estas questões "serão abordadas através de uma estrutura nacional palestiniana abrangente, na qual o Hamas participará e contribuirá de forma responsável".
A declaração também não menciona o desarmamento do Hamas, exigência israelita fundamental incluída na proposta do presidente norte-americano.
"Disponibilidade" do Hamas surgiu após ultimato de Trump: "Rapidamente exterminados"
Esta sexta-feira, Donald Trump tinha feito um ultimato ao Hamas para alcançar um acordo até às 23h00 (hora de Lisboa) de domingo.
Numa mensagem na rede social Truth Social, Trump avisou que, se o acordo "de última hora" não fosse alcançado, "o caos instalar-se-á contra o Hamas como nunca antes", acrescentando que a maioria dos combatentes do movimento se encontra "cercada e militarmente encurralada", e poderão ser "rapidamente exterminados".
O presidente norte-americano apelou também "a todos os palestinianos inocentes" para que abandonem "imediatamente esta área potencialmente mortal" rumo a zonas mais seguras, sem especificar a que áreas se referia.
Em resposta à "disponibilidade" do Hamas, Donald Trump disse acreditar que o grupo "está pronto para uma paz duradoura" em Gaza e instou Israel a "parar imediatamente os bombardeamentos" para que seja possível "resgatar os reféns com segurança e rapidez".
"Com base na declaração que o Hamas acabou de emitir, acredito que eles estão prontos para uma PAZ duradoura. Israel deve parar imediatamente os bombardeamentos em Gaza, para que possamos resgatar os reféns com segurança e rapidez! Neste momento, é muito perigoso fazer isso", escreveu Trump na rede social Truth.
"Já estamos a discutir os detalhes a serem acertados. Não se trata apenas de Gaza, trata-se da tão almejada PAZ no Médio Oriente", acrescentou.
Recorde, no link abaixo, o plano de Donald Trump, ponto por ponto:
Israel declarou a 7 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.
Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, cerca de 40 dos quais continuam em cativeiro.
A guerra na Faixa de Gaza fez dezenas de milhares de mortos, de acordo com números das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos, e um desastre humanitário que tem forçado cerca de dois milhões de residentes a deslocarem-se repetidamente dentro do enclave.
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