Dezenas de diplomatas abandonaram a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) quando o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se preparava para discursar, esta sexta-feira.
Segundo a imprensa internacional, as delegações começaram a levantar-se logo após ter sido anunciado que Netanyahu se preparava para discursar, deixando a maioria dos lugares vazios - como pode ver na galeria acima.
Apesar do protesto na 80.ª sessão da Assembleia Geral do ONU, Benjamin prosseguiu com a sua intervenção de cerca de 45 minutos e frisou que Israel "não cederá" às pressões internacionais e não descansará enquanto não eliminar o Hamas e trouxer para casa os 20 reféns vivos, do 48 que estão em poder do Hamas.
Netanyahu insistiu no apelo para o Hamas depor as armas e libertar todos os reféns, vivos ou mortos, "o mais rapidamente possível", pois, caso contrário, os militantes do movimento palestiniano "serão perseguidos".
"Se depuserem as armas e libertarem já todos os prisioneiros, a guerra acaba já hoje", afirmou o primeiro-ministro israelita.
Netanyahu assegurou que a criação de um Estado palestiniano será um "suicídio nacional" para Israel, deixando críticas e avisos a esses países ocidentais.
"Deixo aqui outra mensagem aos dirigentes ocidentais: Israel não permitirá que nos imponham um Estado terrorista. Não cometeremos um suicídio nacional porque não têm coragem de enfrentar os meios de comunicação hostis e as multidões antissemitas que exigem o sangue de Israel", afirmou.
Salientando que Israel está envolvido militarmente em várias frentes - Hamas (Faixa de Gaza), Cisjordânia, Hezbollah (Líbano), Síria, Irão e Iémen - Netanyahu rejeitou as acusações de "genocídio" e garantiu que é o próprio exército israelita que está a alimentar a população do território.
"Estamos a fornecer uma média diária de 300 calorias por pessoa em Gaza, mas o Hamas rouba esses alimentos para, depois, os vender a preços astronómicos", sublinhou o primeiro-ministro israelita, insistindo nas "falsas acusações de genocídio".
"Quanto às falsas acusações de genocídio, dizem que Israel ataca civis, mas nada é mais falso", disse, frisando que Israel toma medidas para evitar vítimas civis e assegurando que não deixa a população passar fome.
O primeiro-ministro israelita afirmou também ter mandado instalar altifalantes na Faixa de Gaza para que os reféns pudessem ouvir o seu discurso na tribuna da ONU.
"Não vos esquecemos, nem por um segundo. O povo de Israel está convosco. Não descansaremos enquanto não regressarem todos a casa", declarou em hebraico e, depois, em inglês.
A guerra declarada a 07 de outubro de 2023 em Gaza para "erradicar" o Hamas - após o seu ataque a Israel fazer cerca de 1.200 mortos e 251 reféns - fez, até agora, pelo menos 65.549 mortos, na maioria civis, e 167.518 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros e também espalhados pelas ruas, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções, segundo números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo, mas a 22 de agosto emitiu uma declaração oficial do estado de fome na cidade de Gaza e arredores.
Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusara Israel de genocídio em Gaza e de usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), e uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais de defesa dos direitos humanos.
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