A decisão resulta de uma reunião extraordinária esta sexta-feira do Comité Regional de Fronteiras (RBC), integrado por ambos os países, revelou hoje o porta-voz do gabinete do primeiro-ministro da Tailândia, Jirayu Huangsap.
Vários incidentes com explosões de minas terrestres em zonas junto à fronteira foram registados recentemente, o mais recente dos quais ocorreu no dia 12 de agosto, quando um militar tailandês ficou ferido.
Outros dois incidentes, em 16 e 23 de julho, precederam o confronto armado que eclodiu no dia 24 desse mês entre a Tailândia e o Camboja, que se prolongou por cinco dias e deixou pelo menos 44 mortos, incluindo civis, em vários pontos dos quase 820 quilómetros de fronteira.
A Tailândia acusa o Camboja de colocar os artefatos explosivos na linha fronteiriça, ao que Phnom Penh tem dito que "não colocou nem colocará novas minas terrestres" e que estas foram colocadas há décadas, durante a guerra civil cambojana.
O Camboja foi durante décadas o país com a maior densidade de minas enterradas em todo o mundo, um flagelo ainda muito presente num país com escassos recursos próprios para concluir essa vasta tarefa de desminagem.
Ao acordo para a remoção das minas e "atribuição clara" das zonas fronteiriças disputadas junta-se um pacto para a "desarticulação conjunta" de redes criminosas dedicadas à ciberfraude global, fortemente implantadas ao longo da fronteira dos dois países.
Precisamente, esses locais de ciberfraude, operados por máfias muito poderosas foram apontados pela primeira-ministra suspensa da Tailândia, Paetongtarn Shinawatra, como um dos possíveis gatilhos do confronto armado em que Tailândia e Camboja se envolveram no mês passado.
Paetongtarn afirmou que o conflito poderia estar relacionado com os planos do seu governo para combater esses centros, com grande presença no Camboja e são determinantes para a sua economia.
No dia 28 de julho, Banguecoque e Phnom Penh assinaram na Malásia um cessar-fogo relativo ao confronto armado, embora ambas as partes se tenham depois acusado mutuamente de violar o acordo.
A fronteira entre estes países vizinhos foi cartografada pela França em 1907, quando o Camboja era uma colónia francesa.
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