Os cortes de energia, programados desde segunda-feira e que devem durar até 14 de agosto, são devidos a "trabalhos de ligação" na rede burundiana, anunciou a Regideso, a empresa pública de produção e distribuição de eletricidade e água.
Quatro das cinco províncias do Burundi foram afetadas e a capital está paralisada, com alguns bairros a viver há cinco dias sem eletricidade, água ou acesso à Internet, segundo diversos testemunhos.
Vários bancos anunciaram nas redes sociais que não podem garantir os serviços habituais, enquanto a administração central está fechada por falta de energia.
No Hospital Príncipe Regente Carlos de Buyenzi, a direção ligou para as famílias dos falecidos para que viessem buscar os corpos, pois a câmara frigorífica estava fora de serviço na segunda-feira, relatou a imprensa local.
Muitos geradores não podem funcionar porque estão sem combustível, uma vez que o Burundi enfrenta há três anos uma escassez de gasolina que se agravou nos últimos meses.
Segundo um taxista, um litro de gasolina custa 20.000 francos burundianos (cerca de 5,8 euros) no mercado negro.
O chefe de Estado do Burundi, Evariste Ndayishimiye, acusou recentemente os funcionários públicos burundianos de conduzirem o país à morte, por não denunciarem aqueles que lucram com o mercado negro de combustível e divisas.
Hoje, milhares de pessoas faziam fila na estação ferroviária do mercado central de Bujumbura, onde não circulavam autocarros, de acordo com imagens que circularam nas redes sociais.
"No bairro de Jabe, passámos três dias sem eletricidade, tivemos água durante uma hora", declarou um funcionário, acrescentando que "tudo está parado" e que "as autoridades não dizem nada".
Um funcionário do ministério da Energia afirmou que "80% da eletricidade produzida não está disponível desde que as obras começaram", estimando ainda que a situação dure bastante tempo, pois "a rede data da colonização belga e está muito degradada".
O Burundi é o país mais pobre do mundo em termos do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Banco Mundial, e 75% dos seus habitantes, cerca de 14 milhões, vivem abaixo do limiar internacional de pobreza.
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