A detenção, segundo o Clippve, teve lugar esta sexta-feira em Los Palos Grandes, a leste de Caracas, no final de uma concentração em apoio a um grupo de 50 mulheres que na última terça-feira, foram atacadas por grupos parapoliciais armados, afetos ao regime, quando realizavam uma vigília pelos presos políticos junto ao Supremo Tribunal de Justiça.
"Denúncia pública: o Clippve levanta a sua voz contra a detenção arbitrária de Martha Lía Gragales, membro da organização Surgentes e ativista dos direitos humanos. Foi detida por agentes da Polícia Nacional Bolivariana nas imediações do Centro Plaza", denunciou a organização não-governamental (ONG) na sua conta na rede social X.
"Martha Lía foi forçada a entrar numa carrinha cinzenta sem matrícula, num ponto de controlo instalado recentemente, e o seu paradeiro é ainda desconhecido", acrescentou.
O Clippve sublinhou, "com alarme" que a detenção "ocorre poucos dias depois de Martha Lía ter sido agredida fisicamente por grupos armados não identificados durante a vigília organizada pelo Comité de Mães em Defesa da Verdade".
Após essa agressão, a ativista tentou apresentar queixa ao Ministério Público e ao Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (antiga Polícia Técnica Judiciária), "mas ambos os organismos negaram-se a recebê-la", sublinhou a ONG.
"Agora foi detida, novamente vitimizada. Esta prática não é isolada. Faz parte de um padrão sistemático: as vítimas são silenciadas, não são protegidas. Os ataques são escondidos e não são investigados", sublinhou o Clippve.
A ONG "exige a libertação imediata" da ativista, "informações sobre o seu paradeiro e condições de detenção, garantias para a sua integridade física e psicológica e o fim da perseguição contra quem defende e acompanha as vítimas".
"Responsabilizamos o Estado venezuelano por qualquer dano que a ativista possa sofrer. A justiça não pode ser construída enquanto os que a exigem são perseguidos", afirmou.
Organizações não-governamentais e ativistas dos direitos humanos revelaram na quarta-feira que 50 mulheres em vigília pelos presos políticos, na Venezuela, junto ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ), em Caracas, foram atacadas por grupos parapoliciais armados, afetos ao regime.
As mulheres faziam uma vigília pela libertação dos filhos, que dizem ser presos políticos, detidos desde 2024, no âmbito da repressão e dos protestos contra os resultados das eleições presidenciais de 28 de julho do ano passado, cujos resultados a oposição contesta.
O ataque de que foram vítimas, segundo um comunicado do Coletivo Surgentes (CS), uma ONG de defesa dos direitos humanos, teve lugar pelas 22h00 locais de terça-feira (03h00 de quarta-feira em Lisboa), e foi perpetrado por um grupo de 70 pessoas encapuzadas, empunhando armas de fogo e outros objetos.
"Os contingentes da Polícia Nacional Bolivariana e do Grupo de Ações Especiais que se encontravam junto à manifestação retiraram-se. Minutos depois, o grupo parapolicial [atacante] apareceu em motas e a pé, alguns encapuzados e outros com a cara descoberta. Espancaram as pessoas presentes, incluindo uma mãe com um bebé e uma mulher grávida. Roubaram carteiras, documentos de identidade, telefones, chaves, um altifalante e várias tendas", denunciou o CS.
Os atacantes "arrastaram pelo chão quem se opôs a entregar os seus pertences", e "empurrou todos as pessoas, na sua maioria mães de diferentes regiões do país, durante quatro ou cinco quarteirões, dispersando-as", acrescentou esta ONG.
Segundo a ONG Foro Penal (FP), em 21 de julho, a Venezuela tinha 853 pessoas detidas por motivos políticos, 759 homens e 94 mulheres. Do total de presos políticos, 684 são civis e 169 militares, 849 adultos e quatro adolescentes.
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