A implementação deste plano colocaria em risco a segurança do Cáucaso do Sul, e o Irão salienta que, com ou sem a Rússia, agirá para garantir a segurança do Cáucaso do Sul", disse Ali Akbar Velayati à agência de notícias Tasnim, acrescentando que a República Islâmica acredita que o Kremlin "também se opõe estrategicamente a este corredor".
Um acordo, assinado na sexta-feira em Washington pelo Presidente azeri, Ilham Aliyev, e pelo primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinyan, colocou termo à disputa territorial mantida há décadas entre os dois países, e foi saudado por vários países e organizações internacionais, incluindo o Irão e a Rússia, embora com reservas.
O entendimento prevê a criação de uma zona de trânsito que atravessa a Arménia para ligar o Azerbaijão ao seu enclave de Nakhchivan, uma reivindicação de longa data de Baku.
Os Estados Unidos terão direitos de desenvolvimento para o corredor de 43 quilómetros, anteriormente designado Zangezur e desde sexta-feira conhecido como "Caminho Trump para a Paz e Prosperidade Internacional", nesta região estratégica e rica em hidrocarbonetos.
O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, saudou o acordo entre Erevan e Baku, mediado por Washington, mas alertou para "qualquer intervenção estrangeira" à luz dos direitos de desenvolvimento concedidos aos Estados Unidos junto à fronteira iraniana, bem como para o risco de "perturbação da segurança e estabilidade duradoura da região".
A Rússia reagiu com cautela ao acordo e à normalização das relações entre Azerbaijão e Arménia, esperando que "contribua para o avanço da agenda de paz", mas não faz uma avaliação aprofundada nesta fase.
Entretanto, pediu ao Governo norte-americano que se abstenha de tomar medidas que possam conduzir à desestabilização no Cáucaso Sul.
"A participação de atores extrarregionais deve contribuir para o reforço da agenda de paz e não criar dificuldades ou divisões adicionais", avisou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova.
A porta-voz defendeu a participação dos "vizinhos imediatos de ambos os países, como a Rússia, o Irão e a Turquia", como a melhor opção para resolver os problemas no Cáucaso do Sul.
"Vamos analisar mais detalhadamente as declarações de Washington sobre o desbloqueio das comunicações regionais. Nesta área, os acordos trilaterais com participação russa, dos quais nenhuma das partes se retirou, mantêm-se em vigor", salientou Zakharova.
A Arménia e o Azerbaijão disputam há décadas as suas fronteiras e o estatuto de enclaves nos respetivos territórios. Os dois países entraram em guerra por duas vezes pela região de Nagorno-Karabakh, que as forças de Baku recapturaram às tropas arménias numa ofensiva-relâmpago em setembro de 2023.
Apesar das reservas de Moscovo e Teerão, um dos países da região, a Turquia, felicitou hoje os líderes da Arménia e do Azerbaijão pelo acordo preliminar de paz e pelo projeto de infraestruturas sob os auspícios do líder da Casa Branca.
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, descreveu o acordo como "extraordinariamente importante" e agradeceu a ambas as partes "este passo corajoso", bem como aos Estados Unidos por assumir uma "iniciativa construtiva".
Nesse sentido, sublinhou que o Corredor de Zangezur "é um elemento importante de uma ligação ininterrupta entre a Europa e as profundezas da Ásia, através da Turquia".
Entre outras reações hoje divulgadas, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reconheceu "os esforços" do Presidente norte-americano e o acordo assinado em Washington como "um marco importante na normalização das relações" entre os dois países.
A NATO saudou o entendimento como um "avanço significativo" em direção à paz entre a Arménia e o Azerbaijão, enquanto o chefe da diplomacia britânica, David Lamy, elogiou os "corajosos passos" dados pelos intervenientes nas negociações.
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