O gabinete de segurança de Israel, órgão que decide sobre a ofensiva na Faixa de Gaza, aprovou hoje um plano que inclui a ocupação militar da cidade de Gaza, no norte do território palestiniano.
A decisão foi tomada após uma reunião que demorou 10 horas, mas o Governo de Israel não revelou muitos pormenores sobre o plano, que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pretendia que abrangesse toda a Faixa de Gaza.
Eis o que se sabe sobre a decisão, num trabalho da agência de notícias espanhola EFE:
Cidade de Gaza ou toda a Faixa de Gaza?
Num comunicado emitido após uma reunião, o Governo israelita declarou ter aprovado "a proposta do primeiro-ministro para derrotar o Hamas", sem entrar em pormenores sobre o plano.
Acrescentou que o exército estava "a preparar-se para assumir o controlo da cidade de Gaza", uma cidade com cerca de um milhão de habitantes, metade da população do enclave, situada no norte da Faixa de Gaza.
Horas antes da reunião, Netanyahu disse à emissora norte-americana Fox News que o objetivo era ocupar toda a Faixa de Gaza, mas que não tencionava mantê-la ou governá-la, mas sim garantir um "perímetro de segurança".
Vários meios de comunicação israelitas, incluindo o de grande circulação Yedioth Ahronoth, afirmam que o que foi aprovado foi a ocupação total da Faixa de Gaza.
Segundo a imprensa israelita, a operação começará pela cidade de Gaza, cujos habitantes serão deslocados para o sul até 7 de outubro, o segundo aniversário dos ataques do Hamas em Israel que desencadearam a guerra.
Princípios para o fim da ofensiva
O Governo explicou também no comunicado que foram aprovados "cinco princípios para o fim da guerra".
Tais princípios incluem duas linhas vermelhas para o Hamas nas infrutíferas negociações de cessar-fogo com Israel: o desarmamento do grupo extremista palestiniano e a retirada do exército israelita de Gaza.
O Hamas sempre afirmou que não aceitaria depor as armas e exigiu a retirada das tropas israelitas da Faixa de Gaza, algo que o Governo deixou hoje claro que não está disposto a fazer.
Além do desarmamento do Hamas, da desmilitarização da Faixa de Gaza e do controlo israelita da segurança, Israel reafirmou o princípio do regresso dos reféns ainda em poder do Hamas, 20 vivos e 30 mortos, para o fim da ofensiva.
Sem a Autoridade Nacional Palestiniana
O quinto princípio para o fim da ofensiva aprovado pelo Governo de Netanyahu é "o estabelecimento de uma administração civil alternativa que não seja nem o Hamas nem a Autoridade Palestiniana".
Nos últimos meses, um dos cenários em cima da mesa para a administração da Faixa de Gaza, devastada pela guerra, tem sido o de que seja governada por uma organização que faça parte da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), que governa áreas limitadas da Cisjordânia ocupada.
Neste ponto, Israel insiste que não quer que o governo de Mahmoud Abbas faça parte dessa futura administração.
Netanyahu disse na entrevista que deu antes da reunião do Conselho de Ministros que quer entregar Gaza a "forças árabes que a governarão" sem ameaçar Israel.
A oposição do exército
O gabinete israelita tomou a decisão apesar da opinião divergente do chefe do exército israelita, Eyal Zamir, que afirmou antes da reunião que continuaria a exprimir-se "sem medo".
Durante a reunião, segundo vários meios de comunicação israelitas, apresentou um plano alternativo à ocupação de Gaza, que consistia em cercar as cidades e os campos de refugiados e fazer incursões pontuais.
Defendeu que entrar por terra em zonas onde houvesse reféns poderia pô-los em perigo.
Zamir chegou mesmo a sugerir, segundo os meios de comunicação social, que o Governo retirasse dos objetivos da guerra o ponto relativo ao regresso dos reféns.
Segundo o Governo, a maioria dos ministros - não houve unanimidade - considerou que o plano alternativo apresentado por Zamir "não conseguiria nem a derrota do Hamas nem a devolução dos reféns".
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