Governo israelita aprova plano militar para ocupar Gaza. "Derrotar Hamas"

O Gabinete de Segurança do Governo de Israel aprovou esta madrugada um plano militar proposto pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para ocupar a cidade de Gaza, no norte do enclave.

Palestinians gather at destroyed Great Omari Mosque in Gaza

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Lusa com Notícias ao Minuto
08/08/2025 06:57 ‧ há 8 horas por Lusa com Notícias ao Minuto

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Após cerca de dez horas de reunião, o Governo israelita divulgou um comunicado onde expõe o plano de Netanyahu para "derrotar o Hamas", que inclui ocupar a cidade de Gaza, sem esclarecer o que acontecerá com o resto do enclave, apesar de o primeiro-ministro ter declarado a intenção de estender a operação a toda a Faixa antes de iniciar a sessão de debate com o gabinete.

 

"As Forças de Defesa de Israel (FDI) preparar-se-ão para assumir o controlo da cidade de Gaza, garantindo ao mesmo tempo a prestação de ajuda humanitária à população civil fora das zonas de combate", especifica o comunicado.

O governo também garante que o gabinete adotou "por maioria de votos" cinco princípios para terminar a guerra: desarmar o Hamas, o regresso de todos os reféns com ou sem vida, a desmilitarização da Faixa de Gaza, o controlo israelita da segurança na Faixa de Gaza e o estabelecimento de uma "administração civil alternativa" para o enclave, que não seja nem do Hamas nem da Autoridade Palestiniana, que atualmente governa partes da Cisjordânia ocupada.

Em declarações à estação de televisão norte-americana Fox News antes da reunião do gabinete, Netanyahu afirmou que o seu objetivo era ocupar toda a Faixa de Gaza, mas que não pretende ficar com ela nem governá-la, mas sim manter um "perímetro de segurança" e entregá-la a "forças árabes que a governem" sem ameaçar Israel e sem o Hamas.

De acordo com o comunicado, na reunião foi descartado um "plano alternativo", por se considerar que "não conseguiria nem a derrota do Hamas nem o regresso dos reféns".

As reações

Após ser conhecido que o plano para ocupar a cidade de Gaza já tinha tido 'luz verde', já houve algumas reações. A ONU, por exemplo, pela voz do Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, exige a suspensão "imediata" do plano, dado a decisão tomada por Telavive "vai contra a decisão do Tribunal Internacional de Justiça de que Israel deve pôr fim à sua ocupação o mais rapidamente possível, contra a concretização da solução de dois Estados acordada e contra o direito dos palestinianos à autodeterminação".

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Lusa | 08:47 - 08/08/2025

Por Israel, também o líder da oposição, Yair Lapid, criticou esta tomada de decisão, afirmando que a ocupação da cidade, onde vive um milhão de habitantes, "é um desastre que conduzirá a muitos mais desastres".

Além disso, disse ainda, esse plano "custará aos contribuintes israelitas dezenas de milhões e levará a um colapso político".

"Isso é exatamente o que o Hamas queria: que Israel ficasse preso num território, sem objetivo, sem definir o panorama para o dia seguinte, numa ocupação inútil, que ninguém entende onde leva", afirmou.

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O líder da oposição israelita, Yair Lapid, afirmou hoje que a decisão do governo israelita de ocupar a Cidade de Gaza, onde vive um milhão de habitantes, "é um desastre que conduzirá a muitos mais desastres".

Lusa | 07:44 - 08/08/2025

Também o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, apontou o dedo a estes planos, dizendo que a decisão de ocupar a cidade era "errada" e instou o governo de Netanyahu a "reconsiderar imediatamente."

"A decisão do governo israelita de intensificar ainda mais a ofensiva em Gaza é errada, e instamos que reconsidere imediatamente. Esta ação não porá fim a este conflito ou garantirá a libertação dos reféns. Só levará a mais derramamento de sangue", disse Starmer num comunicado.

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Starmer: Ocupar cidade de Gaza "só levará a mais derramamento de sangue"

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, considerou "errada" a decisão de Israel ocupar a Cidade de Gaza e instou o governo israelita a "reconsiderar imediatamente" a medida aprovada esta manhã.

Lusa | 08:59 - 08/08/2025

Que plano é este e que caminho percorreu?

Os meios de comunicação israelitas referem que este plano teria vindo do chefe do Estado-Maior do Exército israelita, Eyal Zamir, que já havia enfrentado Netanyahu ao expressar a sua rejeição à ocupação de toda a Faixa.

Nos últimos dias, os principais meios de comunicação do país divulgaram a intenção de Netanyahu de expandir a ofensiva para as zonas onde se acredita que os reféns se encontram, num plano de várias fases.

Na primeira delas, as tropas israelitas ocupariam a cidade de Gaza e forçariam a deslocação do milhão de palestinianos que ainda se mantêm na cidade para a zona de Mawasi (sul), já superlotada de deslocados.

Posteriormente, Israel procuraria assumir o controlo dos campos de refugiados no centro da Faixa, locais onde as incursões das tropas têm sido limitadas. Em todos esses pontos, Israel estima que haja reféns vivos.

As informações oficiais divulgadas pelo governo israelita, no entanto, não confirmam nenhuma ação para além da tomada da cidade de Gaza.

As milícias palestinas ainda mantêm 50 reféns israelitas, dos quais apenas cerca de 20 continuarão vivos, segundo estimativas de Israel.

A ONU alertou esta quarta-feira que, se Israel colocar este plano em prática, haverá "consequências catastróficas" para a população de Gaza.

[Notícia atualizada às 09h21]

Leia Também: França saúda "decisão corajosa" do Líbano de desarmar o Hezbollah

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