O representante da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) junto da Liga Árabe, Muhamad al-Aklouk, apresentou o pedido com o objetivo de abordar os planos israelitas, que irão levar a mais deslocações forçadas, massacres e fome, segundo a agência noticiosa oficial palestiniana, Wafa, que cita o responsável.
A Autoridade Palestiniana, que governa partes da Cisjordânia ocupada, quer chegar a uma resolução árabe que apele a uma ação eficaz a nível regional e internacional para fazer face aos planos de Telavive.
Nesta linha, o líder da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, falou hoje por telefone com o Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, para discutir os planos israelitas e alertar para a gravidade da situação.
O gabinete presidencial egípcio informou que Abdel Fattah al-Sisi reafirmou o seu firme apoio ao povo palestiniano e sublinhou os seus esforços como mediador para alcançar um cessar-fogo e na entrega de ajuda humanitária.
O Presidente também sublinhou "a rejeição categórica do Egito à deslocação de palestinianos do seu território", afirmou a presidência egípcia em comunicado.
Abbas falou também por telefone com o Rei da Jordânia, Abdullah II, e sublinhou "a importância de permitir que o Estado da Palestina assuma todas as suas responsabilidades na Faixa de Gaza", depois de o Governo israelita ter informado que não conta com a ANP - que governa na Cisjordânia ocupada - para governar Gaza, mas com "uma administração civil alternativa que não é nem o Hamas nem a Autoridade Palestiniana".
O líder palestiniano afirmou ainda que deve ser acordado um "cessar-fogo imediato e permanente", que o Hamas deve libertar os reféns mantidos em cativeiro no enclave, que a ajuda humanitária deve entrar e que a segurança da Faixa de Gaza deve estar sob a alçada do Estado palestiniano.
Também apelou à retirada de Israel de Gaza, "assegurando a unidade do sistema, a lei e as armas legítimas sob a égide do Estado".
Por sua vez, a Jordânia condenou "veementemente" o plano do gabinete de segurança israelita, que considera "uma continuação das graves violações do direito internacional e do direito humanitário internacional por parte de Israel, e um claro enfraquecimento da solução de dois Estados".
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Jordânia, Sufian al-Qudah, afirmou que o plano é uma "extensão da política extremista do Governo israelita de utilizar a fome e o cerco como armas contra o povo palestiniano, para além dos seus contínuos ataques sistemáticos contra alvos civis, hospitais e escolas".
Este plano, aos olhos da Jordânia, mina os esforços internacionais para alcançar um cessar-fogo, e o país árabe apelou a Israel para que cesse a agressão e abra as suas fronteiras para permitir a entrada da ajuda necessária.
A ANP, chefiada por Mahmoud Abbas, disse ainda ser a única força política capaz de manter o controlo da Faixa de Gaza, caso Israel consiga que o Hamas abandone o poder.
O Hamas controla a Faixa de Gaza desde 2007, depois de ter expulsado do território a Fatah, o partido de Abbas, na sequência das últimas eleições para o Conselho Nacional Palestiniano, em 2006, que venceu no enclave. Desde então, a ANP governa a Cisjordânia, parcialmente ocupada por Israel desde 1967, e o Hamas a Faixa de Gaza.
Israel, Estados Unidos e União Europeia consideram o Hamas, apoiado pelo Irão, como uma organização terrorista.
A ofensiva israelita em curso em Gaza seguiu-se ao ataque sem precedentes do Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023 e já provocou mais de 61.000 mortos no enclave, além de causar também uma grave crise humanitária, com denúncias de mortes de crianças à fome, e a destruição de grande parte das infraestruturas do território palestiniano.
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