Para o combate ao fogo estavam ao final da tarde mobilizados 1.850 bombeiros, com 600 veículos de apoio, seis hidroaviões Canadair, três bombardeiros aquáticos Dash, dois helicópteros pesados e dois ligeiros, bem como um helicóptero militar.
Além de uma morte --- uma mulher com cerca de 60 anos que recusou deixar a sua casa em Saint Laurent de la Cabrerisse na noite de terça para quarta-feira ---, há duas pessoas gravemente feridas que ainda estão hospitalizadas.
Entre os bombeiros, há um total de 11 feridos, de acordo com as autoridades.
O presidente do município, Christian Pouget, explicou que o incêndio não seria "declarado extinto durante vários dias", por ainda haver "muito trabalho a fazer". O autarca estimou que se perderam "800 a 900 hectares" de vinha e que cerca de 2.000 pessoas retiradas de suas casas ainda não podiam regressar ao local.
Hoje de manhã, 2.000 casas ainda estavam sem energia, de acordo com a operadora de rede elétrica Enedis à AFP. "Precisamos primeiro de proteger a rede elétrica, cujos postes arderam", explicou o autarca.
A prioridade imediata, segundo as autoridades, "é garantir a continuidade dos serviços essenciais", como o acesso a água e a redes de telecomunicações.
Sobre a onda de calor prevista em França a partir de sexta-feira, com início no sudoeste do país, tanto o autarca de Narbonne como Christophe Magny, chefe do corpo de bombeiros, observaram que o risco de incêndios florestais é multiplicado pela chamada "regra dos 30 graus", ou seja, quando se combinam níveis de humidade inferiores a 30%, temperaturas superiores a 30 graus e ventos superiores a 30 quilómetros por hora.
Magny indicou ainda que a onda de calor é um fator de risco para os bombeiros, que trabalham na zona há 48 horas.
Sobre a origem do incêndio e de quem poderá ser o responsável, havendo suspeitas de mão criminosa no fogo, a investigação está a cargo do Ministério Público.
Os 17.000 hectares ardidos no maciço de Corbières desde terça-feira equivalem ao que ardeu em toda a França, respetivamente, em 2019, 2020, 2021 e 2024; e são o dobro do que ardeu no país em 2023.
Até à data, o maior incêndio no país queimou 50.000 hectares de pinheiros a sul de Bordéus em 1949, uma catástrofe que também matou 82 pessoas.
O primeiro-ministro francês, François Bayrou, na quarta-feira, considerou o incêndio como uma "catástrofe de escala sem precedentes", afirmando que o incidente estava "ligado ao aquecimento global e à seca".
Numa mensagem de solidariedade na quinta-feira, o responsável da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou: "A crise climática está sobre nós. Se nenhuma acção for tomada de forma rápida e colectiva, ocorrerá uma catástrofe; é uma questão de 'quando', não de 'se'."
O sul da Europa está a sofrer vários grandes incêndios este verão e os cientistas alertam que as alterações climáticas estão a aumentar a frequência e a intensidade do calor e da seca, tornando a região mais vulnerável às chamas.
A Europa é o continente que mais aquece no mundo, com as temperaturas a aumentarem duas vezes mais rapidamente do que a média global desde a década de 1980, de acordo com o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus, da União Europeia (UE).
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