O Ministério da Defesa Nacional (MDN) de Taiwan indicou que, desde as 08h10 (01h10 em Lisboa), foram detetadas sucessivas incursões de aeronaves chinesas, incluindo caças J-16, aviões de alerta precoce KJ-500 e veículos aéreos não tripulados ('drones') em "operações no mar", num total de 47 aparelhos, de acordo com um comunicado.
Do total de aeronaves, 32 cruzaram a linha média do estreito de Taiwan, entrando na região norte, centro, sudoeste e leste da autoproclamada Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) da ilha.
"Estas manobras, realizadas em coordenação com navios da Marinha sob o pretexto de uma suposta patrulha conjunta de preparação para o combate, têm como objetivo hostilizar as zonas aéreas e marítimas circundantes de Taiwan", sublinhou o Ministério da Defesa.
Esses movimentos ocorreram dois dias depois de William Lai denunciar que as atividades de Pequim no estreito de Taiwan e nos mares do Sul e do Leste da China constituem um "desafio sem precedentes à ordem internacional baseada em normas".
No discurso de abertura do Fórum Ketagalan, um evento sobre segurança que decorreu na terça-feira, em Taipé, Lai garantiu que o orçamento da Defesa da ilha vai representar cerca de 3% do produto interno bruto (PIB) em 2026, ao mesmo tempo que reafirmou o propósito de manter o "status quo" e garantir a "paz e estabilidade" no estreito.
Em comunicado de resposta, a porta-voz do Gabinete de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (Executivo chinês) Zhu Fenglian observou que Lai "adere obstinadamente à postura separatista da independência de Taiwan e à abordagem errada de depender de potências estrangeiras para buscar a independência".
"Lai expôs a sua verdadeira natureza de sabotador da paz, belicista e agitador", acrescentou a porta-voz, que também acusou o presidente taiwanês de "impulsionar o distanciamento e a rutura dos laços através do estreito, dificultando os intercâmbios e as interações", no primeiro ano como mandatário da ilha.
As autoridades de Pequim consideram Taiwan como uma "parte inalienável" do território chinês e não descartaram o uso da força para concretizar "a reunificação" da ilha e do continente.
Nos últimos anos, a China intensificou a campanha de pressão diplomática e militar contra Taiwan, com manobras militares mais frequentes nas proximidades da ilha e forçando a perda de aliados diplomáticos de Taipé em favor de Pequim.
O governo de Taiwan, liderado pelo Partido Democrático Progressista (PDP), uma formação de tendência soberanista, desde 2016, defende que a ilha já é de facto um país independente sob o nome de República da China e sustenta que o futuro só pode ser decidido pelos 23 milhões de habitantes.
Leia Também: Taiwan diz que TSMC será "isenta" das sobretaxas de 100% sobre 'chips'