A decisão surge alguns dias depois de as autoridades ucranianas terem recuado e restabelecido a independência de duas estruturas anticorrupção fundamentais, cedendo aos protestos nas ruas e à pressão europeia.
Na quarta-feira, a primeira-ministra ucraniana, Iulia Svyrydenko, anunciou nas redes sociais a nomeação de Oleksandre Tsyvynsky para chefiar o Gabinete de Segurança Económica (BEB), um mês após uma recusa do governo que provocou críticas veementes.
"É importante que as relações económicas na Ucrânia não sejam distorcidas por manobras obscuras e que as empresas possam contar com o respeito do Estado", afirmou.
A União Europeia (UE) saudou imediatamente esta "reforma crucial" destinada a "facilitar o processo de adesão" da Ucrânia, através da voz da comissária para o Alargamento, Marta Kos.
O BEB foi criado em 2021 para combater a economia paralela e a evasão fiscal, mas foi acusado de extorsão de fundos.
A UE e o Fundo Monetário Internacional (FMI), principais apoios económicos de Kiev face à invasão russa, designaram a reforma do BEB, cujo diretor é escolhido através de um concurso com a participação de especialistas internacionais, como uma das condições para a continuação da ajuda financeira.
Tsyvynsky, conhecido por ter conduzido várias investigações de grande repercussão, venceu o concurso no final de junho, mas o governo recusou-se a nomeá-lo no último minuto, alegando laços familiares com a Rússia.
A decisão foi denunciada por ativistas anticorrupção e deputados, alguns dos quais afirmaram que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, estava por trás do bloqueio da candidatura por não poder controlar o investigador.
Segundo a primeira-ministra ucraniana, Tsyvynsky passou por um teste no detetor de mentiras para dissipar as suspeitas sobre supostas ligações com Moscovo.
Confrontada há três anos com a invasão russa, a Ucrânia ambiciona aderir à União Europeia, que lhe fornece uma ajuda económica e militar importante e que, em várias ocasiões, gratificou Kiev pelas reformas realizadas apesar da guerra.
No entanto, alguns diplomatas europeus lamentaram recentemente o abrandamento, ou mesmo a paragem, dessas reformas desde a chegada ao poder em Washington, em janeiro, de Donald Trump, que não pressiona Kiev sobre este assunto, ao contrário do seu antecessor, Joe Biden.
Leia Também: Zelensky visita unidade que invadiu região russa de Kursk há um ano