O jovem, que estava detido em San Sebastián, foi libertado na passada sexta-feira por ordem judicial com medidas cautelares, segundo avançaram hoje fontes do Departamento de Justiça do Governo Basco, citadas pela agência de notícias espanhola EFE.
Entre as medidas impostas conta-se a proibição de comunicar ou de se aproximar da vítima a menos de 500 metros, a proibição de visitar ou residir no município de Torre Pacheco, a apreensão do seu passaporte e proibição de sair do país e a obrigação de se apresentar semanalmente na polícia, determinou o Tribunal Superior de Justiça de Múrcia.
O Ministério Público não requereu ao juiz de instrução de San Javier, comarca judicial a que pertence Torre Pacheco, a ratificação da prisão preventiva inicialmente decretada pelo tribunal de San Sebastián após a sua detenção.
O jovem, de origem marroquina, foi detido pela Guarda Civil em Errenteria enquanto tentava alegadamente fugir para França, depois de, segundo a acusação, ter agredido um residente de Torre Pacheco, de 68 anos, no dia 9 de julho.
O alegado ataque desencadeou violentos protestos racistas que se prolongaram por vários dias naquele município de Múrcia.
O Tribunal de Instrução de San Sebastián ordenou a prisão preventiva sem direito a fiança do alegado agressor, acusado de agressão, embora tenha aceitado remeter o caso para os tribunais de San Javier.
Durante a sua detenção de quase três semanas na prisão de Martutene, onde chegou a 15 de julho, o jovem foi julgado e condenado a um ano de prisão por tentativa de roubo com violência de um idoso da mesma cidade dois dias antes, num julgamento rápido realizado por um tribunal de Cartagena, perante o qual prestou depoimento por videoconferência a partir da prisão basca.
Os distúrbios em Múrcia foram condenados pelas Nações Unidas, que os considerou "violentos e islamofóbicos" e defendeu que "não devem ter espaço em nenhuma sociedade".
Num comunicado, o alto representante da Aliança das Civilizações da ONU, o ex-ministro espanhol Miguel Ángel Moratinos, manifestou preocupação com a perseguição aos imigrantes, sobretudo dos oriundos do norte de África, e com uma "retórica xenófoba e racista".
Os distúrbios em Múrcia envolveram grupos conotados com a extrema-direita que responderam a apelos na Internet para "uma caçada" a imigrantes em Torre Pacheco, onde 30% da população de 40 mil pessoas é imigrante ou de origem estrangeira.
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